Edição 284 - 11.06.2024

A DERRADEIRA LIÇÃO DA PROFESSORA MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES

PEC-65: RUIM PARA O SERVIDOR DO BC,
PIOR PARA O BRASIL!

A derradeira lição da professora Maria da Conceição Tavares

Reza a lenda que certa vez um príncipe-herdeiro visitou a escola mais conceituada do reino.

Houve apresentações dos melhores alunos em todas as áreas do conhecimento.

Como de costume na época, o príncipe resolveu oferecer um prêmio ao melhor aluno.

Sim, mas qual deles? De qual matéria? Perguntaram os professores.

Isso não é importante, respondeu o príncipe.

O prêmio deve ir para a aluno que tiver o melhor caráter.

Tenho certeza que todos se tornarão excelentes técnicos, mas o futuro do nosso reino depende acima de tudo do caráter daqueles que vão dirigi-lo.

No sábado passado, dia 8.6.2024, perdemos a professora e economista Maria da Conceição Tavares.

Uma pessoa de caráter.

Fugiu da ditadura salazarista, grávida, chegou em um momento conturbado no Brasil – agosto de 1954, o presidente Getúlio Vargas se suicidou com um tiro -, mas ainda assim escolheu o Brasil para viver.

“Acreditei que o Brasil ia ser uma democracia e uma civilização original nos trópicos. E eu realmente acreditei”.

Foi também matemática e escritora.

Trabalhou na elaboração do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek e foi professora titular da Universidade Estadual de Campinas e professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Para os alunos de Economia que passaram pelos bancos da FEA-UFRJ nos anos 80, suas aulas no Instituto de Economia Industrial (IEI) eram um espetáculo, não pela braveza e estridência de sua fala, suas marcas registradas, mas principalmente porque dava aulas com paixão, sobre um Brasil real.

Ela nunca se furtava de dar o nome aos bois.

Não queria produzir tecnocratas, queria formar economistas que tivessem uma visão social.

Os primeiros apenas se importariam em ganhar dinheiro para si e para os seus patrões, mas somente estes últimos poderiam ajudar a construir um país.

Tinha razão.

No século XX, não foram soldados, mas tecnocratas que construíram “Auschwitz” e os “gulags” soviéticos.

Eles mataram milhões se jactando de sua eficiência e tecnicidade.

Ainda hoje, gente que ignora a realidade para se refugiar num discurso tecnocrático, continua a matar impunemente na nossa sociedade.

Lembramos a seguir algumas frases célebres que ela nos legou:

“Só faz de conta que a política não interessa, quem manda, meu bem!”.

“Cada onda de modernidade, era pau no lombo do povo!”.

“Porque esse negócio de de nomear Presidente do Banco Central que está ligado aos bandidos fica difícil não é verdade?”.

Professora Maria da Conceição Tavares,

Que vá em paz!

Diga pelo que você quer lutar!

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