Edição 60 – 02/10/2017

As dores do crescimento

Na nossa pós-modernidade, a busca de visibilidade em todas as mídias aliada ao “politicamente correto” criaram a figura da empresa friend. Neste formato, a empresa não tem empregados e sim colaboradores, os fornecedores são parceiros e os clientes são friends. Neste contexto, as relações de trabalho devem “harmonizar” os diversos pontos de vista e desenvolver instrumentos que canalizem as manifestações e preocupações dos seus empregados. Neste estágio o lema de qualquer administração é “Nós ouvimos vocês!”. Bem, ouvir não é o mesmo que dialogar, mas o importante é conseguir “paz de espírito”, permitindo canais para a reclamação ou mesmo um mero desabafo.

O Banco Central tem evoluído rapidamente no objetivo de se tornar uma instituição friend. Todos os dias somos bombardeados pela mídia institucional da nossa autarquia, nos informando sobre coisas maravilhosas que ocorrem aqui dentro e dos inúmeros canais de comunicação que estão à disposição dos nossos colegas.

Tal situação por vezes leva alguns colegas a pensar que este “país das maravilhas” é real. A carreira seguirá sem sobressaltos e os casos que a afligem (PASBC, carreirão, etc.) serão solucionados por uma diretoria friend. Neste mundo, sindicato e organização dos trabalhadores são dispensáveis… Só que não.

Os últimos acontecimentos em Brasília trouxeram uma lição amarga mas muito instrutiva a respeito de como os jogos políticos institucionais são jogados dentro da nossa autarquia, e, não se iludam, sempre foi, é e será assim. O Banco Central é um portentoso “porta-aviões” em que pessoas pousam e decolam sem muito comprometimento com quem fica no barco. Nele os interesses pessoais e de “favoritos” são sempre revestidos por uma linguagem técnica e imparcial. As mobilizações podem ser toleradas, mas só até certo ponto. A partir dele, os cachorros são chamados ao convés e a carinha de smile desaparece.

A discussão sobre os mecanismos de luta e mobilização está aberta. Mas o primeiro passo é reconhecer que estamos em um ambiente hostil e que portanto só a organização dos funcionários conseguirá resultados.

 

LUTE JUNTO COM O SINAL!

 

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