Edição 003 - 07/01/2022

Chegou o “momento oportuno” para a autonomia dos Servidores que fazem o Banco Central ser do Brasil!!!

Quando do envio do Projeto de Lei que iria se transformar na Lei de Autonomia do Banco Central, nenhuma das sugestões de blindar os Servidores da Casa contra pressões indevidas do Governo foi levada em consideração pela Diretoria Colegiada.

O motivo alegado, para usar um verbete clássico do discurso baceniano: não era o momento oportuno!

O final do atual Governo se parece menos com um fim de mandato e mais com a última bacanal de Pompéia enquanto Vesúvio explode em lava e cinzas.

Quase todos os setores empresariais obtiveram a manutenção dos seus benefícios fiscais, suas isenções de impostos.

A consequência foi que outros segmentos do setor de serviços, que também são grandes empregadores, não querem ficar de fora e se movimentam para buscar a desoneração ainda no primeiro semestre.

Os bancos ficaram aliviados porque não terão mais de arcar com a compensação com a manutenção da alíquota mais alta da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL).

Em todos estes casos, a regra era de que a União deveria compensar o Fundo do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) para que as medidas não gerassem perdas.

Mas o Congresso e o atual presidente resolveram varrê-las para debaixo do tapete.

A imprensa aplaude o banquete, pois repete “ad nauseam” o bordão dos empresários de que a fortuna surrupiada aos cofres públicos gera empregos.

Ora, pesquisa do IPEA de 2018 já concluiu sem dúvidas que a desoneração não teve impacto na geração de empregos reais na economia brasileira.

Não precisa ser profeta para perceber que em breve uma nova reforma da previdência “inevitável” será conclamada!

Neste último ano da atual gestão, o Ministro da Economia Paulo Guedes, que nos chamava de “parasitas”, posa com cara de paisagem e olha para o outro lado enquanto os verdadeiros parasitas da economia nacional fazem fila para arrancarem o que puderem deste do Governo.

Ano que vem, possivelmente terá governo novo e isto pode dar muito mais trabalho.

Por fim, quem vai conter a plebe de chegar ao palácio?

Aqui fora não há orgia, pelo contrário as cinzas já estão por toda parte, com muita inflação, muito desemprego, crédito mais caro e consumo contido.

O Governo chega ao ponto de inventar o ultraje de reajustar apenas algumas das Categorias de Servidores em detrimento de quase todas as outras.

Agora, a mesma imprensa que acintosamente fechou os olhos ao saque do Erário Público, irá considerar um escândalo se cogitar em reajustar os salários dos Servidores!

Chegou a hora de mostrar ao Brasil que os Servidores do BACEN podem e devem lutar pela sua independência e integridade, pois só assim poderão defender nossa Instituição e nosso país.

Se deixarmos passar o momento e falharmos nesta missão, estaremos condenados a sermos também varridos para baixo do tapete da vala comum daqueles que podem ser definitivamente ignorados, pois nada fazem para serem respeitados como Servidores Públicos.

Participe da paralisação do dia 18!!!

 

ATÉ QUANDO?



O gráfico ilustra a defasagem salarial em relação ao patamar de julho de 2010, considerando as três parcelas de reajuste de 5%, concedidas em janeiro de 2013, 2014 e 2015, as parcelas de 5,5%, em agosto de 2016, 6,98%, em janeiro de 2017, 6,64%, em janeiro de 2018, e 6,31%, em janeiro de 2019, conforme acordos celebrados com o governo.

Ressalta o corrosômetro a estimativa1  da perda salarial acumulada de agosto de 2010 a outubro de 2021, em termos de quantidade de salários atuais, deixados de receber no período.

1 Somatória das defasagens salariais (incluem as do 13º salário) calculadas em cada um dos meses do período, corrigidas pela variação do IPCA acumulado até outubro de 2021.

19 de novembro de 2021.

 

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