Edição 052 - 31/07/2015

É isso mesmo, presidente Tombini ?

Sempre com a alegação do governo de falta de recursos para  as despesas correntes como saúde, educação, segurança e, recuperação das perdas salariais dos servidores públicos, a sociedade exige explicações convincentes de fatos como esse e de outros classificados como “investimentos”, principalmente em obras públicas, cujos recursos tem como origem nossos impostos.

 

Nova sede do Banco Central no Rio tem superfaturamento de R$ 23 milhões, 
diz TCU Ministros do tribunal deram 15 dias para responsáveis 
pela licitação explicarem a suposta irregularidade

30/07/2015 16:14 / ATUALIZADO 30/07/2015 19:43
http://oglobo.globo.com/brasil/nova-sede-do-banco-central-no-rio-tem-superfaturamento-de-23-milhoes-diz-tcu-17020109#ixzz3hSbPQBDt

 

 bcnovasedeBRASÍLIA – A nova sede do Banco Central (BC) no Rio, onde funcionará o departamento responsável pela circulação do dinheiro no país, teve um superfaturamento de R$ 23,3 milhões na origem das obras, mais especificamente no orçamento que serviu de base para a licitação, segundo auditoria aprovada nessa quarta-feira pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Os ministros do tribunal deram 15 dias para quatro servidores do BC, responsáveis pela licitação, explicarem o suposto superfaturamento e detalharem os preços adotados na obra.

O prédio está sendo erguido na Zona Portuária do Rio e integra o projeto de revitalização da região. No edifício está previsto o funcionamento do Departamento de Meio Circulante do BC, que tem como atribuição retirar o dinheiro fabricado na Casa da Moeda do Brasil e fazer a distribuição pelo país, além de supervisionar esse processo e pesquisar o desenvolvimento de cédulas e moedas.

Reportagem publicada pelo GLOBO em março mostrou que as obras do novo prédio estavam paralisadas. Até junho, conforme informação do próprio BC ao TCU, não havia definição sobre a melhor solução para a conclusão das obras.


EDITAL DA LICITAÇÃO FOI PUBLICADO EM 2010

A sede do Departamento de Meio Circulante começou a ser erguida em 2010, com a justificativa de que o BC no Rio funciona em locais diversos e causa prejuízos ao órgão. O projeto original previa um prédio administrativo com sete pavimentos, um prédio para o cofre com três pavimentos e uma garagem com cinco pavimentos. As obras precisariam ser adequadas, diante da limitação de três pavimentos para os prédios da região portuária.

O edital da licitação foi publicado em maio de 2010, com orçamento previsto de R$ 99,8 milhões. A Engefort Engenharia Ltda. levou o contrato, com custo estimado de R$ 72,7 milhões. No curso da auditoria do TCU iniciada em 2012, foi proposta a repactuação do contrato, por ter havido constatação de “excesso de quantitativo nos serviços de esquadria de alumínio e pele de vidro”, além da quantidade de estacas. A auditoria lançou suspeitas sobre a atuação da empresa contratada para elaborar o projeto e o orçamento que serviu de base para a licitação.

O BC tem 60 dias, conforme o acórdão aprovado ontem em plenário, para apresentar “medidas de correção” do contrato. Além disso, o presidente da Comissão Especial de Licitação do BC terá de apresentar em audiência, num prazo de 15 dias, “justificativas para não tornar disponíveis preços unitários e global do orçamento básico do empreendimento”.


QUATRO ADITIVOS DE CONTRATOS

Outros três servidores, responsáveis pelos detalhes técnicos da planilha do orçamento, terão de justificar o suposto superfaturamento de R$ 23,3 milhões no orçamento das obras. Esse sobrepreço “decorre tanto de quantitativos inadequados, que persistiram mesmo após os questionamentos realizados na etapa da licitação, quanto da prática de preços excessivos frente aos sistemas oficiais de custos”, como consta no acórdão.

O BC já fez quatro aditivos no contrato. Um novo aditivo precisará ser comunicado ao TCU, conforme a decisão em plenário. O banco informou ao tribunal que analisa fazer nova licitação para o restante das obras e aditivar o atual contrato para substituir itens das etapas de arquitetura e instalações. Outra possibilidade, segundo o BC, é contratar em nova licitação todos os serviços adicionais e suprimir do contrato vigente itens previstos para o fim das obras, como elevadores, revestimento e pele de vidro.

O BC disse ainda estar atento a eventual excesso de quantitativos em itens das obras e que poderia fazer ajustes, caso existam decisões nesse sentido. O banco sustentou ainda que uma lei complementar do Município do Rio possibilitou construção de edifícios com sete pavimentos na Zona Portuária.

 “Qualquer solução demandará significativa alteração no contrato vigente, além da realização de nova licitação para complementar as obras”, afirmou a ministra relatora do processo, Ana Arraes, no voto proferido ontem, acompanhado pelos demais ministros. “É grave o cenário de incertezas na construção do Departamento de Meio Circulante, em especial diante da incompatibilidade entre o projeto básico licitado, composto por um prédio de três andares, e o empreendimento requerido pelo BC, um edifício de sete pavimentos.”

 

Em nota divulgada no início da noite, a assessoria de imprensa do BC afirma que houve, na verdade, um desconto de 13% na execução das obras e que a economia feita pelo banco foi reconhecida pelo TCU. “No processo, os auditores, inclusive, reconhecem que ‘não foram encontrados indícios de sobrepreço global nos valores contratados, o que demonstra não haver potencial de dano materialmente relevante’. Ou seja, não houve prejuízo ao erário, nem mesmo potencial”, afirma o BC.

A diferença de valores no orçamento que foi base da licitação não representou uma irregularidade, segundo o banco. “Só poderia se falar em suposto sobrepreço se o valor contratado pelo BC fosse superior à estimativa do TCU, o que não se verificou no caso concreto.”
 

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