No último dia 15 de junho, o Sinal-RJ, dentro da sua tradição de estimular o debate democrático e a livre circulação de ideias, realizou uma Live sobre a instigante questão: “Está na hora de os juros baixarem no Brasil?”.

O nosso objetivo foi o de realizar um diálogo entre, de uma parte, alguém com um posicionamento favorável ao nível atual da Selic, e, de outra parte, alguém com uma posição crítica ao patamar atual de juros em nosso país.

Evidentemente, quando se quer discutir um assunto sério como este, se deve procurar pessoas que tenham qualificação para fazê-lo.

Desta forma, foi com grande satisfação que obtivemos o gentil aceite do Professor Luiz Gonzaga Belluzzo, acadêmico de longa experiência, e que também possui passagens por cargos de comando da economia brasileira, como o Conselho Monetário Nacional.

Seu conhecimento não era apenas teórico, mas também prático, na formulação de decisões daquele órgão.

Todavia, a tarefa se mostrou mais árdua do que o imaginado, no que se refere à participação de alguém com um posicionamento favorável ao nível atual da Selic.

Apesar de alguns convites realizados, não obtivemos aceite para o debate com o prof. Belluzzo.

A alternativa encontrada por nós foi formularmos perguntas ao prof. Belluzzo que contivessem argumentos em favor da manutenção dos 13,75 de taxa básica de juros.

O que se verificou então foi que a inteligência e a erudição do prof. Belluzzo mais que compensaram a “ausência” de um possível segundo palestrante.

O prof. Belluzzo deixou claro seu posicionamento a respeito de as decisões do Copom acerca da taxa de juros no Brasil não serem exclusivamente “técnicas”, e, sim, também, “políticas”, no sentido de se encontrarem alinhadas com determinados parâmetros de formulação e execução de Política Monetária que estão longe de ser uma unanimidade entre os especialistas na matéria.

As suas lições sobre o que é o debate acadêmico moderno de teoria econômica e principalmente de política monetária foram a prova viva de que ainda há quem pense o Brasil fora do espectro ideológico obscurantista das redes sociais.

As experiências de outros Bancos Centrais e seus presidentes, a crise econômica de 2008 e suas lições para a economia foram apenas alguns dos tópicos apresentados pelo eminente economista.

Ficou claro também que a forma como se deu a autonomia da nossa instituição, com mandatos descasados entre executivo e o presidente da instituição, criou um personagem político num local que deveria ser estritamente técnico, em que políticas fiscais e monetárias deveriam dialogar e não serem submetidas à ambição do mercado financeiro.

Goethe dizia:

“Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas”.

O Conselho Regional do Sinal-RJ continua buscando cumprir o que entende ser sua missão, de estimular e participar do debate aberto e qualificado de toda e qualquer questão que diga respeito à nossa Categoria e ao papel social da Instituição à qual somos ligados por nosso trabalho pretérito ou presente.