Edição 143 – 16/9/2015

“Fundamental a harmonia entre as carreiras do BC”


Sob sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado federal, o presidente do Banco Central, o ministro Alexandre Tombini foi o autor da frase do título. O titular da autoridade monetária compareceu ante os Senadores acompanhado dos diretores Aldo Mendes, de Política Monetária, Luiz Awazu Pereira, de Política Econômica e Altamir Lopes, de Administração.

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Previamente à sessão, o Sinal visitou os Senadores integrantes do colegiado para encaminhar carta pelo realinhamento das carreiras e oferecer sugestões ao debate.

Mais de vinte servidores do BC, brandindo cartazes do Sinal pelo realinhamento, juntamente com uma comissão de aprovados no último concurso, que pode decair por inação da administração da autarquia, se fizeram presentes no plenário, na manhã desta terça feira, 15.

Diante dos múltiplos questionamentos sobre as distorções administrativas da autarquia que dirige, além de declarar-se pela harmonia entre as carreiras, reconheceu o esvaziamento do quadro funcional, esclarecendo já ter, burocraticamente, demandado ao Mpog a admissão de novos servidores, e declarou-se disponível ao sindicato.

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A sessão, presidida pelo Senador Delcídio Amaral (PT/MS), iniciou com longa e otimista exposição da autoridade monetária. Tombini alçou-se aos créditos do saldo positivo em moeda estrangeira e asseverou que as dificuldades são momentâneas e a política adotada pelo governo – ajustes fiscal e monetário – eram o remédio correto para o momento. Assegurou que já em 2016 a inflação convergirá para o centro da meta e a atividade econômica retomará seu curso natural de crescimento sustentado. O diretor Aldo Mendes detalhou sobre os requerimentos de Ricardo Ferraço (PMDB/ES) sobre as suspeitas de manipulação no mercado de câmbio, explicando que existe uma investigação no exterior sobre formação de cartel. Como o real não é conversível, não seria possível a ação do grupo contra a nossa moeda, reduzindo as suspeitas locais à combinação das margens comerciais no mercado de câmbio, cujo trabalho de averiguação está ao encargo do Cade.

Então a mesa organizou blocos de quatro senadores para os questionamentos, com livre resposta do convidado após as rodadas. Primeiro a se manifestar, Ferraço disse parecer viver em mundo distinto do de Tombini, um em que a inflação é alta, o desemprego crescente, os juros também, custando a crer que no futuro próximo tudo estaria tão bom quanto fazia supor o presidente do BC.

Sucederam-se os senadores Ataídes Oliveira (PSDB/TO), Telmário Mota (PDT/RR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM), alternando severas críticas ao resultado apresentado pelo BC à sociedade; a redução dos serviços prestados, seja pelo ajuste ou pelo esvaziamento do quadro funcional; e o desalinhamento entre as carreiras da autarquia. Outro tripé foi sugerido: desenvolvimento, pleno emprego e crescimento econômico.

Em resposta, Tombini reiterou ser o saldo das contas em moeda estrangeira credor, explicou os resultados gravados no balanço do primeiro semestre, inclusive a captação líquida de R$ 11 bilhões no período, a utilidade das caras operações de swap, a compatibilidade da fiscalização do BC com os padrões internacionais e que os juros tendem a convergir para 13% nos próximos anos, com inflação entre 5% e 6% em cada exercício. Por fim, mostrou-se sempre aberto ao diálogo com seus servidores.

O senador José Medeiros (PPS/MT) abriu o segundo bloco declarando estar o cinto dos brasileiros arrochado, e mais ainda o dos servidores públicos. Perguntou também o que faria Tombini se perdesse o status de ministro. Assim como ele, Lindbergh Farias (PT/RJ) questionou a omissão da autoridade monetária diante da deterioração da situação econômica observada já no ano passado. E reforçou os números do quadro atual: enquanto despesas de saúde ou folha de pagamentos cresceram abaixo da inflação ou mesmo decresceram em um ano, os juros mais que dobraram nos primeiros sete meses do ano. Dos R$ 159 bilhões de aumento do déficit das contas públicas, nada menos que R$ 140 bilhões seriam resultado do aumento de juros. O parlamentar fluminense lembrou das suas iniciativas legislativas, para tornar o sistema financeiro algo mais próximo do que chamamos de cidadão. Já o senador Eduardo Amorim (PSC/SE), médico que é, questionou sobre a amargura e os efeitos colaterais do remédio adotado. Por seu turno, Tasso Jereissati (PSDB/CE) perguntou o que fazer diante do boletim Focus, que aponta inflação acima da meta no ano que vem.

Em sua defesa, Tombini alegou que a política monetária é para surtir efeitos em 24 meses e os juros pagos são aqueles cobrados pelo mercado. De relevante, reconheceu que o BC tem quadro bastante enxuto, diante dos padrões mundiais, e proferiu a frase-título desta matéria.

Ainda se manifestaram dissonantes à política monetária os senadores José Serra (PSDB/SP), Marta Suplicy (PMDB/SP) e Walter Pinheiro (PT/BA). Este levantou aplausos dos presentes ao defender, ao lado da criação de mais regionais, pois seria inadmissível o BC tocar o Acre de Belo Horizonte, a admissão dos concursados e o realinhamento já.

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