Edição 110 - 14/6/2024

Melhorias para os servidores não integram agenda de fim de mandato de Campos Neto


Editoriais recentes do Estadão e da Folha de São Paulo trazem, como figura central, o presidente do BC, Roberto Campos Neto. As análises têm como ponto de partida o fato de o chefe da Autoridade Monetária se permitir “frequentar ambientes e eventos eminentemente políticos” e se deixar “bajular perigosamente por setores da política”.

Ao recomendar “certo distanciamento”, de modo a preservar a imagem de um Banco Central autônomo, a Folha destaca que, nos bastidores, Campos Neto tem tido seu nome aventado como ministro da Fazenda em uma das candidaturas que se projetam para 2026. O Estadão, por sua vez, lembra que “o presidente do BC muito provavelmente sabe que sua imagem está diretamente vinculada à instituição que dirige”.

Enquanto o presidente do BC, ao que tudo indica, já vislumbra seu itinerário pós-mandato na Autarquia, os servidores seguem com uma pauta repleta de demandas em aberto e que, vale registrar, nunca receberam a devida atenção do dirigente. Há muito tempo, o SINAL denuncia que Campos Neto deixou de dialogar com a categoria e de se empenhar pelas melhorias necessárias relativas à gestão de pessoas na Casa. Na verdade, não deve surpreender a nenhum servidor. Depois de passar anos defendendo o arrocho fiscal à custa do funcionalismo, ele agora parece estar mais preocupado com a futura trajetória política.

Se Campos Neto, de fato, estivesse preocupado com a gestão da Casa, a situação do corpo funcional hoje seria bastante diferente. Um apoio mais incisivo na campanha salarial, o acompanhamento mais próximo dos problemas referentes ao PASBC e a negociação acerca dos 28,86% são apenas alguns exemplos de condutas importantes que deveriam ser adotadas no último período. Situações para as quais a resolução não dependia de um Banco Central mais autônomo. Campos Neto tinha poderes para solucionar, mas não o fez.

Não se trata de uma crítica às predileções políticas (às quais todo cidadão tem direito) do chefe da Autoridade Monetária, mas resta evidente que a resolução dos problemas internos está longe de ser uma prioridade na tão movimentada agenda de Roberto Campos Neto neste fim de mandato.

Por fim, reiteramos as últimas frases dos dois editoriais citados neste texto:

Estadão:

E junto com a função pública vêm grandes responsabilidades e restrições nada triviais. Assim, roga-se a Campos Neto o mesmo que se espera de todo servidor público: prudência, discrição e impessoalidade.

Folha:

Mais discrição seria recomendável nos pouco mais de seis meses que lhe restam à frente do órgão, cuja credibilidade é fundamental para o sucesso do controle da inflação numa conjuntura que se tornou mais difícil.

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