Edição 94 - 27/5/2019

Mudanças estruturais no BC suscitam preocupações e temores


Servidores alocados nas áreas ligadas ao Diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução (Diorf) foram surpreendidos nos últimos dias com o anúncio pela direção do BC de uma ampla reestruturação, que compreenderá mudanças significativas em seus diversos Departamentos.

As consequências para o quadro funcional, como remoções entre as áreas, mudanças nas tarefas executadas, novas atribuições, extinção, rebaixamento e centralização de comissões em Brasília, entre outras, embora o afete diretamente, em nenhum momento foi com ele discutida, preferindo-se a já conhecida decisão unilateral, de cima para baixo, na contramão dos preceitos de uma política de administração participativa. Segundo o Banco Central, as medidas são necessárias pois, em parte significativa, “decorrem da evolução do SFN (Sistema Financeiro Nacional)”.

Para além da discussão sobre as peculiaridades da nova rotina administrativa programada, o Sinal alerta sobre a necessidade de se permanecer atento a outros movimentos da direção do BC, cada vez mais instada a assumir, desenvolver e levar adiante novos processos complexos em aparente despreocupação para com a grave situação administrativa em que se encontra a Autarquia, que, mais do que nunca, precisa de um quadro de servidores motivado e com o espírito de pertencimento aguçado.

Com o menor número de servidores de sua história, o Banco Central se vê diante da necessidade de continuar cumprindo, com a excelência que o notabilizou, as funções constitucionais a ele atribuídas, assumindo novas atribuições, incorporadas pela propalada “evolução do SFN”. Enquanto a Polícia Federal acaba de receber autorização para nomear mais de mil novos servidores, a direção do BC acumula sucessivos fracassos, há anos, na tentativa de realizar um novo concurso, trafegando perigosamente no limiar de um grave risco de RH, que poderá engessar definitivamente o funcionamento da Instituição.

Não bastasse esse cenário inquietante, a direção do BC aceitou passivamente o contingenciamento de verbas orçamentárias já anunciado pelo governo e, segundo rumores, não colocará nenhum obstáculo aos próximos, que poderão vir ainda este ano, comprometendo ações fundamentais como a fiscalização do SFN, a confecção e distribuição de numerário – cédulas e moedas novas – entre outras. As novas reduções, inclusive, poderiam afetar os gastos com a manutenção predial da Autarquia, como cortes nas despesas com água e energia elétrica, chegando até a ressuscitar as ameaças de fechamento de representações regionais pelo país.

Cabe à Diretoria Colegiada, além de transparência e diálogo franco com a categoria, pleitear – e conseguir – junto ao governo os recursos necessários, humanos e materiais, de modo a zelar pelo bom desempenho e amplo reconhecimento alcançados pela Autoridade Monetária. Conquistas obtidas, incontestavelmente, graças ao trabalho contínuo de seu competente quadro técnico.

Um Banco Central forte, capaz de atender às crescentes demandas da sociedade, necessita, sim, de servidores qualificados, mas também, nunca é demais repetir, motivados ao trabalho, um bom clima organizacional e uma estrutura harmônica e adequadamente projetada.

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