Não tem plano B
“não tem plano B”… ”se os excedentes não entrarem, a resposta do banco vai ser via gestão, isto é “estabelecer prioridades e fazer escolhas difíceis ao país”. Foi esta a declaração do representante do Banco Central na audiência da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, realizada em 19/05/2015, que discutiu o esvaziamento dos quadros do Banco Central e a questão do risco de RH que a instituição enfrenta.
Esse fenômeno, conhecido há muito pelos responsáveis pela gestão da instituição, coloca em risco o fiel cumprimento dos serviços que presta essa autarquia à sociedade brasileira.
Mais do que um simples alerta, a declaração de que se a instituição não encontrasse mecanismos de repor o quantitativo necessário para a execução dos serviços, buscaria na gestão a solução dos problemas, fazendo escolhas difíceis que poderiam ser prejudiciais à sociedade, expressa uma dicotomia latente em todo o corpo funcional do Banco Central. Por um lado, percebemos que o quadro funcional, embora qualificado e engajado no exercício de seus serviços à sociedade, não é plenamente reconhecido pelos responsáveis pelos desígnios do Banco Central (interna corporis ou por responsáveis na Esplanada dos Ministérios). Por outro, somos cônscios de nossas responsabilidades e, algumas vezes mais realistas que o próprio Rei.
Desdobramo-nos em executar o inexecutável. Resolvemos com gestão, o que em outros órgãos causaria virtual paralisia de suas funções. E ao invés de recompensa, recebemos punições pela execução eficiente, criteriosa e com economia de recursos públicos (o último “ajuste fiscal” de outubro de 2014, não nos permite negar tais fatos). Esse espírito pauta o comportamento de toda comunidade do Banco Central e representa uma restrição adicional para nos mobilizar para aquilo que nada mais é que a busca por direitos legítimos.
Enquanto a sociedade assiste ao anúncio de cortes de despesas (grande parte via cortes em investimentos), olhares atentos observam movimentos de carreiras pleiteando indexação de vencimentos ao topo da remuneração de um dos três poderes. Estão essas carreiras e seus representantes equivocados? Do ponto de vista stricto sensu da defesa dos interesses de suas corporações, absolutamente não! Nada mais fazem que defender os seus serviços diante de seus empregadores e defender a valorização de suas respectivas carreiras.
O mesmo olhar que observa essa movimentação, também nota que no caso em questão, não apenas os representantes sindicais, mas também o conjunto dos servidores pleiteiam a equiparação e constata: sem o engajamento de toda a categoria (forçando inclusive que a direção se alinhe à causa), não haverá a valorização da instituição.
No duro embate que se aproxima na defesa da comunidade do Banco Central, qual força prevalecerá? A defesa pelos interesses seus e da instituição, colocando-a no seu devido destaque? Ou a aceitação passiva das obrigações que lhe são impostas, mesmo com grande sacrifício de seus funcionários? A resposta será dada por todos nós. Inclusive você.