Edição 413 – 03.06.2025

 O QUE O COPOM PRECISA VER! – PARTE II

Na edição anterior do Apito Carioca, clique aqui para ler, falamos do drama do endividamento das famílias.
Hoje vamos abordar o posicionamento do  setor produtivo nacional frente a uma taxa de juros de 14,75% .a.a.
Como trabalha o empresário que necessita de capital de giro e tem de enfrentar a competição de títulos federais que pagam mais de 10% líquido no bolso sem que seja preciso mover uma palha?
O resultado desse rentismo é óbvio: os juros elevados prejudicam investimentos e aumentam custos financeiros dos empresários,  ao mesmo tempo em que coloca em dúvida a viabilidade da dívida pública federal.
Ou seja, o COPOM desconsidera solenemente estes três riscos à atividade econômica produtiva:
1 – Embora um crescimento menor ou mesmo a queda dos investimentos ajude a conter a demanda agregada e a controlar a inflação no curto prazo, leva também a um menor crescimento da oferta no médio prazo. Isso, por sua vez, pode pressionar os preços quando a demanda for retomada.
2 – O aumento dos custos financeiros sobre os custos totais das empresas, o que impacta os preços. Associada ao spread bancário extremamente alto, a taxa de juros média nas operações com pessoas jurídicas saltou de 19,4% a.a., em dezembro de 2024, para 22,8% a.a., em março de 2025.
3 – A elevação do custo da dívida pública, que amplia o déficit público e o risco fiscal. Estimativas do próprio Banco Central indicam que cada aumento de 1 ponto percentual na SELIC eleva o custo da dívida bruta federal em cerca de R$ 50 bilhões. Essa dinâmica pode comprometer a sustentabilidade das contas públicas e contribuir, sob essa ótica, para instabilidade econômica. Em 2024, a dívida pública bruta alcançou 76,5% do PIB e a CNI estima que deverá atingir 79,4% do PIB ao final de 2025.
Não é à toa que o último aumento das taxas de juros gerou imediata reação de entidades empresariais, que já vinham denunciando os impactos nocivos da política monetária restritiva.
Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão do COPOM se dissociou da realidade da atividade econômica.
A entidade reafirmou que os indicadores de inflação já apontam arrefecimento e que manter o país em patamares de juros tão elevados apenas contribui para travar a economia.
“Embora o controle da inflação seja o objetivo primordial do Banco Central, a elevação da SELIC traz riscos significativos à economia, que está em processo de desaceleração mais acentuado do que esperávamos no final de 2024”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
A Associação Paulista de Supermercados (APS), além de se posicionar contra a medida, apontou que tratava-se de medida equivocada diante das medidas protetivas internacionais impulsionadas pelos recentes tarifaços dos Estados Unidos.
“É importante lembrar que o mundo vive um ciclo neoprotecionista, em que os países buscam fortalecer sua produção e seu mercado interno. Com a taxa SELIC nos patamares atuais, o Brasil favorece o rentismo e a especulação, em detrimento da geração de empregos, do investimento produtivo e do crescimento econômico de médio e longo prazo”, pontuou a Associação.
“O brasileiro já convive com uma taxa básica de juros proibitiva para o desenvolvimento econômico e que aumenta o custo de vida, o endividamento das famílias, das empresas e os gastos do governo federal. Gabriel Galípolo, atual presidente do BC, e os demais membros do COPOM não foram indicados pra manter os interesses do mercado financeiro, mas sim os interesses da população”, criticou a vice-presidente da entidade, Juvandia Moreira.
A manutenção das taxas de juros no atual patamar condena o país à estagnação e talvez até à estagflação, se os preços simplesmente se descolarem da economia real.
Em próxima edição do Apito Carioca falaremos sobre a influência da taxa de juros na concentração de renda no nosso país.
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