Edição 313 - 22.08.2024

OS “FISCALISTAS PUROS DOS ÚLTIMOS DIAS” E A PRESIDÊNCIA DO BANCO CENTRAL

PEC-65: RUIM PARA O SERVIDOR DO BC, PIOR PARA O BRASIL!

Reproduzimos, a seguir, dadas as suas oportunidade e relevância para o debate em torno da indicação do futuro presidente do Banco Central do Brasil, artigo publicado em edição de hoje da Folha de São Paulo.

Os “Fiscalistas Puros dos Últimos Dias” e a presidência do Banco Central
Seita platônica exige taxa de juros punitiva para o fiel malcomportado


[…] É preciso dar um basta e retirar do Banco Central qualquer sacerdote fiscalista. Ter um presidente com autoridade e convivência com o mundo real. Alguém vinculado ao sistema produtivo, não ao rentismo.

Somos descendentes e dependentes de primeira hora dos filósofos gregos. Em especial da revolução do mundo helênico. Platão defendia o mundo das ideias, perfeito, com o homem perfeito e as relações perfeitas. Aristóteles, seu opositor, dizia o contrário. O homem é imperfeito. O mundo idem. As ideias de Aristóteles foram menos charmosas, e Platão moldou grande parte da civilização ocidental. Entrou nas universidades, especialmente nos cursos de economia…

Os fiscalistas puros da economia são, hoje, uma seita platônica. Exigem do Brasil uma performance perfeita que não tem correspondente no mundo real; nem nos países em desenvolvimento, nem nos desenvolvidos. Como a performance exigida não aparece, impõem uma taxa de juros punitiva para o fiel malcomportado. Buscam o mundo ideal, imaginando que é possível evitar com juros as ameaças do futuro.

As seitas dialogam com fatalidades. O mundo está prestes a acabar e existe, após esse fim, um mundo perfeito. Possuem fiéis escudeiros, embalados em uma cultura desleixada com a realidade.

Olhando somente para os dados -e aqui vamos compreender que durante a pandemia de Covid-19 a discussão foi a de que deveríamos adotar a ciência, os fatos-, fica evidente que os fiscalistas consideram que a inflação está fora de controle, quando na realidade ela não está.

Olhando para a realidade, o IPCA acumulado nos últimos 12 meses é de 4,23%. Já o IPCA acumulado de 2024, até o momento, é de 2,48%. Os nossos fatalistas do Banco Central construíram uma ideologia do caos e criaram uma seita. Alguns sentam–se nos bancos à esquerda. Outros sentam-se à direita. Mas ambos realizam as mesmas previsões. Essas são sempre amargas. A penitência? Juros absurdamente altos – Selic parada em 10,5% ao ano e agora com ameaça de aumento – para controlar uma inflação hipotética que pode destruir o sonho do mundo ideal. Não bastam os dados. Não basta a realidade. Os platônicos querem prever o futuro, e a realidade que se dane.

Folha de S. Paulo 22.08.2024.

Gilberto Zancopé, Fundador do Ordervc.com , que investe em 18 empresas na economia real.

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