Edição 64 – 28/4/2020

Paulo Guedes defende congelamento salarial de servidores


Mais uma vez, o ministro da Economia dá vazão a um discurso irresponsável e descolado da realidade. Em entrevista nesta segunda-feira, 27 de abril, Paulo Guedes, ao defender o congelamento salarial como cota de “sacrifício” do funcionalismo, em decorrência da pandemia do novo Coronavírus, afirmou que o servidor não pode “ficar em casa trancado com a geladeira cheia assistindo à crise, enquanto milhões de brasileiros estão perdendo o emprego”.

A afirmação deixa ainda mais claro o modus operandi adotado pelo ministro, de vilanizar a classe diante da opinião pública, desta vez de maneira ainda mais cruel, ao se valer da situação extremamente complicada à qual a sociedade como um todo está submetida. É importante lembrar que, em fevereiro deste ano, durante palestra no Rio de Janeiro, Guedes comparou servidores a “parasitas”, ao tentar alavancar a reforma administrativa do governo federal.

A fala do titular da Economia já reverbera dentro do Congresso. Também nesta segunda-feira, o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM/AP), reforçou a defesa ao congelamento salarial da classe, por 18 meses, nas esferas federal, estadual e municipal.

O discurso desconsidera por completo que são os servidores públicos que, diante do caos instalados em diversos setores, representam o socorro do Estado à sociedade. Seja na linha de frente, como nas áreas de saúde, assistência social e segurança pública, seja na retaguarda, como o corpo funcional do BCB, que assegura a solidez do Sistema Financeiro Nacional e garante a segurança das operações de crédito.

Em entrevista ao Valor Econômico, o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, rechaçou as considerações de Guedes e afirmou que o funcionalismo já está dando sua cota de sacrifício, no enfrentamento à pandemia, “entregando o que se propuseram quando entraram para o serviço público”. “Não há nada de novo, nem mesmo as grosserias do ministro”, observou, lembrando que medidas de arrocho sobre os servidores já têm sido insistentemente formuladas desde a aprovação do teto de gastos.

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