PEC 32: PERDEM A SOCIEDADE, O SERVIÇO PÚBLICO, O SERVIDOR PÚBLICO

Os escorpiões, os sapos e os jabutis.

Todo mundo conhece, ou pelo menos deveria conhecer, a história do escorpião e do sapo.

Na fábula, o escorpião convence o sapo a lhe levar nas costas para atravessar o rio.

Temendo ser picado pelo animal com fama de traiçoeiro, o anfíbio hesita, mas cede ao argumento de que uma ferroada mataria os dois.

No caminho, o sapo sente o ferrão nas costas, escutando o escorpião lhe dizer que não pode controlar sua natureza.

Fábulas são feitas para ensinar, mas só aprende quem quer.

A votação da PEC 32 teria muito a dizer a sapos do mercado, economistas e até um ex-presidente do Banco Central, que falam em modernização do serviço público, sem de fato se preocupar realmente com a população: o seu problema é privatizá-lo para torna-lo um negócio atrativo, e assim imaginam que todos os problemas do país seriam resolvidos.

Ora, porque os escorpiões do Centrão não poderiam ajudar nesta travessia pelo Congresso Nacional?

É bom para nós, mas pode ser bom para eles também, pensaram estes sapos neófitos.

Escorpiões conhecem bem o seu território, eles não gostam de locais claros e arejados, o seu veneno é para ser utilizado em locais sombrios e fechados, onde a vítima não possa reagir.

Ao contrário dos sapos, escorpiões nunca confundem os seus interesses com os de outras pessoas.

Isto é só em propagandas para consumo externo.

É verdade que nunca ganharam tanto como agora: fundo partidário, código eleitoral “sob medida”, emendas milionárias de um orçamento secreto e indicações de cargos “a rodo” para onde quer que seja.

A própria Casa Civil, que deveria ser o reduto das articulações políticas do governo, já foi terceirizada a um escorpião-rei.

Nem nos sonhos mais lindos!

Mas tem um problema!

Ano que vem tem eleição e ninguém quer se arriscar a perder esta vida de sonho.

O dinheiro das emendas tem de virar obras, postos e agrados.

E são os correligionários, devidamente empregados em chefias e DAS, que têm de colher os votos destas vacas leiteiras.

O seu habitat são as frestas e ralos dos órgãos públicos que comandam, principalmente daqueles que escorrem verbas para todos os lados como, por exemplo, o Ministério da Saúde.

Como trocar o certo pelo duvidoso?

O segredo dos escorpiões, o que a fábula não conta, é que eles vivem pulando de sapo em sapo: Lula, Dilma, Temer, Bolsonaro…

Sapos não são companheiros de viagem, são apenas meios de transporte.

Quanto mais fraco o transporte, mais confortável a viagem!

Para resolver os seus problemas e demandas dos grupos empresariais que os empregam existe outro tipo de bicho muito mais do seu agrado: jabutis.

O legislativo e o judiciário são o centro dos privilégios funcionais.

E daí?

Aprovar leis contra si não faz parte da sua cartilha e quanto ao judiciário, escorpiões não enfrentam diretamente aves fortes como estas.

Elas sabem perfeitamente que qualquer um deles pode ser vítima de uma bicada certeira.

É melhor um acordo.

Aquilo que chamam de “harmonia entre os poderes”.

Outro problema são os sindicatos das categorias organizadas.

E se, de uma parte, diversas concessões vêm sendo feitas à poderosa “bancada da bala” da Câmara Federal, na busca da aprovação da PEC 32, de outra parte, ano que vem tem uma eleição. Tem uma eleição no ano que vem.

Os sapos do mercado já estão arrependidos da aventura.

O ferrão dos escorpiões já começa a se enterrar nas suas costas.

Para os escorpiões é preciso ter muito cuidado, pois risco não é o seu negócio.

Isto é para sapos.

Diga pelo que você quer lutar!

LUTE JUNTO COM O SINAL!