Edição 113 – 16/9/2013
Pesquisa “Melhores Empresas para se Trabalhar” – Segundo a pesquisa, das 155 empresas e instituições avaliadas, BC é o pior para se trabalhar
A pesquisa “Melhores Empresas para se Trabalhar”, do Guia Você S.A., da revista Exame, pela primeira vez avaliou as práticas de gestão de pessoas e os processos gerenciais no setor público. Entre 155 empresas e instituições, o Banco Central ocupou, ao lado da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), um desonroso último lugar.
A pior pontuação do Banco Central foi obtida por notas atribuídas por seus próprios servidores, segundo se verifica na pontuação final apurada. No item “Desenvolvimento”, por exemplo, a autarquia obteve boa avaliação, 81,4, entretanto, na avaliação dos funcionários, no item “acreditam ter desenvolvimento”, a nota foi 56,5. Destacam-se negativamente, também, as notas para Carreira, 63,4, e Liderança, 59,4.
O próprio diretor de Administração, Altamir Lopes, teria demonstrado sua decepção com os resultados, admitindo a desmotivação do qualificado quadro funcional da Casa e a necessidade urgente de mudança na gestão.
Como a pesquisa foi realizada entre fevereiro e março, precedente portanto aos cortes realizados a partir de agosto, vale lembrar o dito “não existe nada tão ruim que não possa piorar”.
A constrição orçamentária atinge a missão da Autoridade Monetária duplamente: piora o ambiente de trabalho e prejudica a execução das tarefas que permitem atingi-la.
A vida como ela é
Imagine-se um especialista ou procurador precisar tomar um elevador para buscar uma cópia impressa de um parecer que está produzindo, em razão da redução da disponibilidade de equipamentos de impressão e de contratados de apoio. Além de seu cargo onerar os cofres públicos, o próprio Orçamento faz mau uso do tempo deste servidor, que, não apenas se desconcentrar como pode estar sujeito ao vazamento de informações por vezes sigilosas. Um problema qualquer de TI pode por vezes exigir a repetição do processo e uma nova viagem pelo prédio.
Menos médicos no ambulatório: além dos riscos inerentes à saúde das pessoas, também pode sair mais caro do que a economia alcançada. Em uma emergência, quem vai transportar o servidor até um hospital? E quem vai atender a outros, nesse ínterim?
A lista de malefícios é longa. No entanto, a gravidade cresce quando nos referimos, por exemplo, às viagens para participação dos representantes brasileiros nos organismos internacionais. Agora dependentes de autorizações especiais, perde-se financeiramente ao se retardar a aquisição de passagens aéreas para eventos programados. E a perda é incalculável se o Brasil ficar ausente dos encontros e os interesses nacionais não estiverem representados.
O que dizer de uma viagem de fiscalização não realizada? E da pesquisa na internet sobre o ambiente político, econômico e social do país, que não pode, salvo uma autorização especial, demorar mais que 30 minutos por dia?
Questionamos a Administração sobre a motivação dos cortes, que estão sendo feitos não só no BC. Cálculos simples mostram que cortar quase um quarto do orçamento anual de custeio em quatro meses significa um corte próximo dos 70% das despesas mensais.
Ao mesmo tempo, representariam uma “austeridade” que, se de um lado, permitiria pagar, por exemplo, ínfima fração dos serviços da dívida, por outro, atenta contra o reclamo das ruas por mais e melhores serviços públicos.
Quais são os valores organizacionais do Banco Central? Segundo o Planejamento Estratégico 2010-2014, são eles:
Ética – Agir com integridade, honestidade e probidade para a preservação dos interesses institucionais e dos princípios que regem a Administração Pública.
Excelência – Aprimorar continuamente os padrões de desempenho para atender às expectativas dos clientes internos e externos, mantendo-se alinhado às melhores
práticas internacionais.
Compromisso com a Instituição – Priorizar os interesses da Instituição em relação a interesses pessoais ou de grupos e atuar com foco na missão, na visão e nos objetivos estratégicos da Instituição.
Foco em resultados – Atuar com iniciativa e proatividade, identificando prioridades e concentrando ações no que é relevante para alcançar os resultados pretendidos pela Instituição.
Transparência – Informar, interna e externamente, sobre decisões de políticas e procedimentos, de forma aberta, clara e em tempo oportuno, observadas as restrições
de ordem legal ou de caráter estratégico.
Responsabilidade social – Agir tendo a ética como compromisso e o respeito como atitude nas relações com servidores, colaboradores, fornecedores, parceiros, usuários, comunidade, governo.
Quais valores foram violados com a adoção dos cortes no orçamento? Acreditamos que todos. Queremos trabalhar, cumprir nossa missão e que o trabalho tenha valor, resultado e efetividade!