Edição 134 – 3/9/2015

Queremos um Banco Central vivo e autônomo


Banco central em greve: a quem interessa um banco central fragilizado?

Nos últimos anos tem-se acompanhado um silencioso desmonte do banco central, entidade que cuida da oferta de moeda e da estabilidade do sistema financeiro, que culmina com a perda do status de ministério e a remuneração inferior dos seus quadros funcionais, em relação a advogados e auditores da receita federal.

O enterro é um protesto e um alerta para a sociedade brasileira.

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Instituição fundamental para o bom funcionamento da economia, o banco central vem sendo desmontado pelo atual governo. A forte redução no número de servidores, levando ao menor quadro de servidores desde 1975 e os comentários maldosos feitos por membros do próprio governo estão minando a capacidade da instituição de preservar o poder de compra da moeda e cuidar da estabilidade do sistema financeiro.

Esse processo pode se agravar ainda mais com a iminência da perda do status de ministério (uma forma restrita de autonomia administrativa) e um aumento diferenciado para os advogados da instituição, bem superior ao que será dado à carreira de especialista, que cuida das políticas monetária, creditícia, cambial, e de supervisão do sistema financeiro.

Com essas restrições, o banco viu interrompida sua capacidade de manter a trajetória declinante da inflação e dos juros, que vinham caindo desde 2003 e passaram a crescer nos últimos anos.

Por causa do aumento de preços quase trinta milhões de brasileiros cruzaram de volta a linha da pobreza e se tornaram miseráveis entre 2012 e 2013 piorando a concentração de renda do país. Combater a autonomia do banco central e trabalhar contra sua missão prejudica todo o povo brasileiro, em especial os mais pobres. Os servidores do banco perguntam: a quem interessa um banco central fragilizado?

Nós servidores estamos em greve contra a redução na autonomia administrativa do banco central e rechaçamos que carreiras de igual importância, como os advogados da instituição e auditores da receita, passem a ganhar bem mais que os servidores que cuidam diretamente de missão tão importante para a sociedade brasileira.

Ao admitir ganhos superiores para carreiras igualmente importantes, o governo mostra que o ajuste fiscal não é prioridade e que, mais importante que o serviço feito para a coletividade, está a capacidade de pressão das categorias.

Enquanto advogados e auditores conseguem promessa de bônus e contratação de excedentes, o banco central vê o número de servidores e o salário desses minguar, sem conseguir convencer o governo da necessidade de repor quadros e garantir a competitividade em seus salários.

Estão tirando tudo do banco central: status, autonomia, valorização de servidores, reposição de quadros. O banco central está se tornando um corpo sem vida que os servidores velam para evitar o pior, cujo preço será pago por toda a sociedade brasileira.

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