Edição 107 - 13/10/2005

Um abraço resume: a aposta na união está dando certo

Após 23 dias ininterruptos de greve maciça e ordeira, o governo pôde sentir a determinação do funcionalismo do Banco Central.

Um abraço de centenas de funcionários ao prédio do BC em Brasília demonstrou a união de todos na busca do reconhecimento do valor da Instituição e de seu corpo funcional.

Realizou-se finalmente, anteontem, um encontro dos representantes do funcionalismo com o Presidente Meirelles e parte da Diretoria Colegiada.

O Presidente iniciou a reunião falando que esperava dela um resultado positivo, vista a grande expectativa que se havia criado em torno desse encontro. No entanto, lembrou as dificuldades orçamentárias de sempre e, embora concordando que a proposta dos sindicatos fosse razoável, afirmou que era inexeqüível neste momento. Foi secundado pela afirmação do Diretor Fleury de que o limite orçamentário é de 6%.

Ouviu como resposta que a expectativa do corpo funcional era de um aumento salarial em índice de dois dígitos, e que a greve, embora disciplinada e responsável em todos os momentos, tinha como responsáveis o governo e sua intransigência.

Os representantes sindicais informaram ainda que o funcionalismo concorda em aceitar as propostas para o PASBC, a modernização do cargo dos técnicos e os aumentos previstos para os valores das comissões.

Henrique Meirelles e o Diretor Fleury insistiram, quanto ao PCS, na vinculação do BC às diretrizes governamentais e no fato de que, como primeira instituição a negociar para o ano que vem, poderíamos servir de parâmetro para outras carreiras. Quanto a outros pontos da pauta, esclareceram:

1) AE para todos: depende do orçamento, mas pode ser negociada internamente;

2) jornada de seis horas: limitada às atividades conhe­cidas, conforme interpretação atual do BC;

3) PASBC: reivindicações aceitas.

Num momento em que a Diretoria Colegiada passou a especular sobre uma proposta palatável, o Presidente (dizendo que estava pensando alto), perguntou aos sindicalistas sua opinião sobre algo como 6 e 4% (as datas não foram reveladas). A resposta foi de que cabe ao Governo tentar inferir índices aceitáveis a partir da contraproposta apresentada e das conversas que vêm sendo mantidas.

O Presidente afirmou que o impacto de um eventual reajuste ainda para 2005 seria reduzido no BC, mas muito elevado para o governo. Concordou, porém, no agenda­mento de nova reunião para amanhã de manhã. Até o fechamento desta edição, no entanto, o encontro ainda não havia sido confirmado pelo MPOG

Os representantes do funcionalismo avaliaram positivamente a reunião. O governo, finalmente, parece estar buscando solução para o impasse em que nos encontramos. Precisou, para isso, ver a determinação dos funcionários do BC na maior greve de sua existência.

Manter essa união se torna imprescindível a esta altura das negociações.

Já está mais do que claro: só juntos, coesos e determinados chegaremos a um resultado positivo.

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