Edição 0 - 19/08/2002

Entrevista do Lula

Quarto e £ltimo entrevistado no projeto Agenda Brasil – parceria do Jornal do Brasil, revista Forbes, O Dia e o Grupo Bandeirantes- , que discute solu‡äes para o pa¡s nos pr¢ximos 25 anos, o candidato do Partido dos Trabalhadores defendeu a Reforma tribut ria e ainda outras como a trabalhista, a previdenci ria e a agr ria. E frisou que apenas o PT poder  fazer no campo uma reforma ‘pac¡fica, sem violˆncia’.

JoÆo Marcos Monteiro
Funcion rio do Banco Central

– O Sr. defender , no seu poss¡vel governo, o BC independente?

– H  duas coisas que eu nÆo aceito. NÆo ‚ que eu fa‡a disso uma questÆo de princ¡pios. Quem sabe
daqui a dois anos, se eu ganhar as elei‡äes, aceitaria que o BC fosse independente. Neste momento, nÆo aceitaria. O BC j  tem hoje muita independˆncia. Tanta que uma pessoa chamada Cacciola (Salvatore Cacciola, do Banco Marka, que quebrou com a desvaloriza‡Æo do real, em 1999) levou
US$ 1 bilhÆo, sem que o presidente da Rep£blica, o do BC ou o ministro da Fazenda soubessem.

Tƒnia Cetrim
Professora de Biologia

– Lula, vocˆ falou em ensino, alunos, mas nÆo falou dos professores. Qual ‚ o seu projeto para o magist‚rio?

– Toda vez que um governo ou uma empresa determina que esta ou aquela fun‡Æo ‚ considerada
essencial para a empresa ou para o pa¡s, nÆo se pode considerar apenas o exerc¡cio da fun‡Æo
essencial, mas o sal rio tamb‚m precisa ser levado de volta ao n¡vel social. A verdade ‚ que o Brasil judia muito dos trabalhadores. Lamentavelmente, esse governo democr tico, que vai terminar, deixou todo mundo sem pol¡tica de sal rio, coisa que nem no regime militar aconteceu.

S‚rgio Apolin rio
Juiz do Trabalho

– O senhor falou sobre a reforma trabalhista. NÆo seria melhor manter parte da legisla‡Æo atual?

– A forma de acabarmos com a informalidade nesse pa¡s ‚ ter regras que permitam incentivar os
empres rios a contratarem pessoas e assinarem a carteira de trabalho. Esta reforma s¢ ser  feita se envolver governo, trabalhadores e empres rios. Para que a gente nÆo precise levar o trabalhador a adotar o tempo da escravidÆo; a trabalhar sem nenhum direito.  poss¡vel encontrar um meio-termo para que se possa fazer os grandes acordos de que o Brasil precisa.

Clarissa Melamed
Funcion ria da Fiocruz

– O senhor vai retomar o Conselho de Seguridade Social? E sobre essa r£brica no Or‡amento?

– Me orgulho de, na Constituinte de 1988, ter brigado para que fosse aprovada a seguridade tal
como o escrito na Constitui‡Æo. A seguridade social ‚ feita para financiar e sustentar aqueles que,por motivo que independa deles, nÆo conseguem trabalhar. E, lamentavelmente, as pessoas tratam
isso como custo. Acho que precisamos ter uma pol¡tica de seguridade social ainda mais abrangente e a sociedade precisa ser a grande controladora de toda essa pol¡tica.

M rcio Fainziliber
Consultor

– Um dos graves problemas da economia brasileira ‚ a vulnerabilidade externa. Como o sr. ir 
reduzi-la ou at‚ extingui-la?

– O primeiro passo ‚ utilizar todo o potencial de recursos que o Brasil tem. S¢ do BNDES, sÆo R$ 26
bilhäes, do FAT, R$ 12 bilhäes, o FGTS, uns R$ 40 bilhäes. Se houver a desonera‡Æo da produ‡Æo e
das exporta‡äes, serÆo criadas condi‡äes para o Brasil exportar mais.  claro que nÆo tem milagre.
Mas precisamos come‡ar a dar os passos certos. Temos de apostar na agricultura, na pequena e na
m‚dia empresa e na ind£stria de bens de consumo populares.

Ant“nio Abelardo de Castro
Microempres rio

– Tentei um empr‚stimo pelo Sebrae, e nÆo consegui. O que vocˆ far  para que o dinheiro chegue ao microempres rio?

– O problema do Sebrae, apesar de estar fazendo um bom trabalho na  rea de treinamento, ‚ que ele
‚ dirigido de forma muito politizada. Quando eu falo de uma cooperativa de cr‚dito, nÆo falo de uma institui‡Æo como o Sebrae. Falo que os comerciantes, por exemplo, os do Saara, podem se juntar e montar uma cooperativa de cr‚dito. O que n¢s precisamos ‚ abrir a caixa-preta do sistema financeiro, para que as pessoas possam criar o sistema de auto-financiamento, mais barato e mais eficaz.

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