Edição 0 - 15/12/2007

Planejamento diz que reajustes acordados serão reavaliados

 

Mariana Flores – Correio Brasiliense

 

Ministério do Planejamento diz que reajustes acordados serão reavaliados, Lula defende aumento para funcionários públicos e trabalhadores se movimentam para garantir percentuais negociados com o governo

 

 

A ameaça do governo de suspender os reajustes salariais concedidos a algumas categorias leva servidores federais a se articularem para garantir o cumprimento dos acordos firmados nos últimos meses. Mais de 170 mil trabalhadores de pelo menos cinco categorias têm termos de compromisso firmados que estão ameaçados pela perda de receita decorrente da derrubada da CPMF. Os possíveis prejudicados já marcaram assembléias e tentam garantir os acordos em reuniões com representantes do governo. O objetivo é pressionar o Executivo para que envie os projetos de lei e medidas provisórias prevendo os aumentos mesmo com a decisão tomada pelo Senado na última quarta-feira. Paralelamente, quem tinha negociação em andamento, como os militares, também tenta avançar nas conversas.

Ontem o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, voltou a dizer que os reajustes estão sendo reavaliados. "Vamos trabalhar à luz desse novo quadro, mudou a situação das nossas finanças e é muito grave a perda desses valores todos. Vamos ter que reavaliar tudo isso", disse, em entrevista à rádio CBN. Contraditoriamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu aumentos para o funcionalismo, em discurso durante a inauguração de uma agência da Previdência Social em São Paulo. "É preciso acabar com a visão de que o funcionário público ganha bem. Na hora em que a economia começa a melhorar é preciso fazer a nossa parte e remunerar melhor para poder cobrar", declarou.

Os servidores apostam no discurso de Lula para não perder os benefícios, que chegam a até 82% em aumentos que se estendem até 2010. Na próxima semana, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) se reúne com representantes do Planejamento para discutir o reajuste já firmado com os funcionários do Ministério da Cultura e os que estão negociados com outras categorias. "Vamos nos reunir com o governo para dizer que não aceitamos ser bode expiatório da CPMF", disse o secretário-geral da entidade, Josemilton Costa.

Na quinta-feira da semana que vem os funcionários do Banco Central farão uma assembléia para analisar possíveis reações ao descumprimento da negociação por parte do governo. Após uma greve de 50 dias no primeiro semestre deste ano, eles fecharam um acordo prevendo um aumento de 4,17% neste mês, 17% em janeiro e 5% em janeiro de 2009. O percentual deste mês ainda não foi pago. "Essa notícia nos preocupa porque não podemos aceitar esta fatura. Para o governo tem de ser questão de honra cumprir os acordos", afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), David Falcão.

Com aumento de 13% acertado, os advogados públicos e os defensores públicos da União também apostam na disposição do governo em cumprir as negociações. "Receio há, mas acreditamos na seriedade do governo em manter os acordos assinados", aposta o presidente da Associação Nacional dos Advogados da União, José Wanderley Kozima.

Sem um acordo já fechado, os militares também correm risco de ficar sem reajuste em 2008. Os 750 mil ativos e inativos reivindicam realinhamento de 100% no soldo e cobram do governo uma posição sobre a categoria. "Vamos nos articular no Congresso Nacional para tentar garantir esse aumento. Não aceitamos ser reféns da CPMF", afirma Ivone Luzardo, presidente da União Nacional das Esposas de Militares das Forças Armadas Brasileiras.

Novos concursos
Em discurso ontem, Lula criticou a imprensa, que o acusa de inchar a máquina pública. Segundo o presidente, durante seu governo foram criadas 214 novas escolas técnicas e 10 universidades federais. "Como fazer isso sem contratar mais professores e funcionários administrativos?", questionou. Mas no Planejamento, a análise dos técnicos é que as contratações ficarão bem aquém do previsto no orçamento. A proposta prevê a liberação de R$ 1,8 bilhão para contratar 56,3 mil concursados só em 2008. Das 40 mil vagas programadas para o Executivo, no entanto, apenas 3,1 mil já foram autorizadas pela pasta.

 

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