Edição 160 - 28/12/2007

DEU NA IMPRENSA


Nós não aposentamos o Banco Central, diz ministro Paulo Bernardo

Eliane Oliveira e Gustavo Paul

O Globo

28/12/2007

"A inflação merece atenção o tempo todo e não podemos descuidar com isso"

BRASÍLIA. Eufórico com os bons resultados da economia em 2007, que apresentou uma conjugação de fatores positivos – inflação controlada, elevação da renda, expansão do emprego e investimentos aumentando duas vezes mais do que o ritmo industrial -, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo reconhece que a inflação continuará merecendo atenção especial em 2008. Ainda assim, ele acredita que o país tem condições de crescer 5% em 2008, sem comprometer o sistema de metas do Banco Central, que prevê uma taxa de inflação de até 4,5% no ano que vem. Pelo menos por enquanto, afirmou, não há motivo de alerta da parte do governo, que está preparado para tomar medidas capazes de evitar altas inflacionárias significativas, como o aumento das taxas de juros. – O principal trabalho do Banco Central é cuidar da inflação. Nós não aposentamos o Banco Central. Se precisar, o governo adotará medidas contra a inflação – afirmou ontem o ministro ao GLOBO.

A inflação merece atenção o tempo todo e não podemos descuidar com isso. Mas não estamos com nível de alerta, que nos obrigue a tomar providências urgentes. Temos que ter atenção e cuidado e estamos com um ritmo de crescimento sustentável dentro desse quadro – acrescentou. Para ministro, crescimento mínimo em 2008 será de 2,4%

Reforçando o otimismo, o ministro afirmou que o quarto trimestre deverá registrar um aumento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) em torno de 6%. Segundo ele, o cenário é tão positivo que, mesmo se não houvesse nada que impulsione a economia em 2008, já estaria garantido um crescimento de mais de 2%: fenômeno denominado "arrasto" pelo ministro.

Nossa assessoria econômica fez um levantamento mostrando que o crescimento deste último período já tem um efeito de arrasto para 2008 de mais de 2,4%. Estamos com o ciclo de crescimento mais longo dos últimos 15 anos – afirmou.

Para o ministro, este ano a inflação está concentrada em alguns itens, com a intensificação do consumo nos alimentos. O destaque foi para o leite devido ao período de entressafra. Por isso, com a colheita da produção de grãos no Centro-Sul, em fevereiro de 2008, a pressão inflacionária tende a diminuir.

Particularmente acho que não tem motivos para ficarmos alarmados, mas seria leviano dizer que não precisamos ter atenção – frisou.

Segundo Paulo Bernardo, os investimentos estão crescendo mais que o consumo e um dos principais desafios do governo é manter positivo o ambiente de negócios. Um fator que poderia deteriorar esse quadro, admitiu, seria a inflação.

Tem muita gente que acha que o presidente Lula nasceu virado para a lua. Concordo com isso, mas também acho que estamos fazendo a coisa certa. Um sinal de que isso é verdade é que vamos cumprir o superávit (receitas menos despesas, descontados os juros da dívida) de 2007, de 3,8% do PIB, podendo chegar a um resultado até um pouco maior – disse o ministro.

Paulo Bernardo destaca melhora na renda

O governo já esperava o "Natal gordo" deste ano, que bateu recordes de vendas dos últimos dez anos. Para o ministro, "setores inteiros das classes de baixíssima renda estão sendo chamados de classe média". Com os indicadores econômicos em ordem, destacou o ministro, está-se preparando o terreno para que o país cresça mais nos próximos anos. Ele citou como exemplo as taxas de crescimento da indústria e dos investimentos registradas este ano de, respectivamente, 5,5% e 10%.

A renda está aumentando, o emprego também. Só de carteira assinada são 2 milhões de empregos este ano.

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