Edição 26 - 19/03/2009

Um passo importante foi dado, mas nada está garantido

Para quem aguardava a comunicação da suspensão dos reajustes previstos para julho/09, a reunião de ontem, no Ministério do Planejamento, não deixou de ser uma agradável surpresa.

Apesar das matérias produzidas por certos órgãos de imprensa de que "já estaria decidida a suspensão dos reajustes", o que se viu foi uma manifestação tranqüila do Governo, revelando a intenção do Presidente Lula em manter a palavra e preservar o que foi acordado com as entidades sindicais, caso não haja uma alteração significativa do quadro econômico.

O curioso é que alguns jornais, provavelmente porque escreveram as matérias antes mesmo da referida reunião, continuaram hoje a bater na mesma tecla, afirmando que o Governo já bateu o martelo quanto ao rompimento do acordo. 

Na verdade, o que está por trás desses "furos de reportagem" é a disputa de setores corporativos da economia por fatias mais gordas de um orçamento emagrecido pela crise, pressionando assim o Governo a suspender os acordos salariais, colocando os funcionários públicos como bodes expiatórios.

Se por um lado a questão não está nada decidida, como querem os "jornalões", também a reunião de ontem no MPOG, apesar de positiva, não garante que será o reajuste realmente pago.

O Ministro Paulo Bernardo divulgou agora à tarde (5a.f), que o Governo fará um corte orçamentário de R$ 21,6 bilhões, o que representa um valor bem inferior ao previsto inicialmente, aumentando assim as possibilidades de preservação de todos os reajustes do funcionalismo público para 2009, que beiram a casa dos 6 bilhões de reais.

Em suma, o quadro não é negro como pintam as "empresas de informação", mas também nada está garantido. De certo, temos que continuar atentos e pressionando para que se cumpram os acordos, atuando com as demais Carreiras Típicas de Estado no fornecimento de subsídios para que os atores da cena  política reafirmem a necessidade da retomada do crescimento econômico.

Ontem na reunião, o Presidente do SINAL, David Falcão, afirmou que "a atuação do Banco Central, com relação a desaceleração econômica do último trimestre de 2008 contribuiu para a convergência dos indicadores de preços, para o centro da meta possibilitando o início de uma trajetória descendente na taxa referencial de juros como ocorreu na semana passada com o corte de 1.5% na SELIC, trazendo em consequência um alívio sobre a conta de juros de cerca de 12 bilhões de reais." 

Cabe lembrar que o orçamento de 2008 foi projetado com uma expectativa da taxa básica em 14%, e que a acentuação da redução da taxa SELIC, poderá trazer alívios orçamentários significativos nesse momento.

(APITO CARIOCA – Boletim do SINAL-RJ, de 19/03/2009)

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