Assédio moral no Banco Central: por que pesquisar?
O tema, de quase desconhecido, tornou-se tabu: poucos são os dirigentes que se dispõem a admitir a ocorrência de assédio moral em sua organização.
No entanto, vai-se levantando o véu do desconhecimento, e eis que o assédio moral surge com força, não necessariamente praticado "de propósito", mas mesmo assim tornando infelizes algumas pessoas no seu trabalho diário.
O que é: quando se pensa em assédio moral, imagina-se o exercício consciente de terrorismo no trabalho, ou formas deliberadas de mau uso do poder, normalmente vindas "de cima": dos superiores nos ambientes de trabalho. Essas podem, sim, ser algumas facetas desse mal.
No entanto, nem toda manifestação desse assédio é consciente, nem limitada à relação de chefe e subordinado.
O assédio é uma reação a uma ameaça potencial no ambiente de trabalho, e pode envolver relações com colegas, subalternos ou chefes.
O assédio moral, como é visto hoje: o mal maior com relação a esse tema, que aos poucos vai deixando de ser intocável, é a falta de informação e, por conseqüência, a incapacidade de se reconhecer a existência do assédio moral no trabalho.
Muitas pessoas podem, neste mesmo momento, estar sofrendo desnecessariamente, e tendo a produtividade reduzida.
Como o tabu que o cerca inibe, muitas vezes, iniciativas para encará-lo com a atenção devida, vai-se empurrando o problema, que, naturalmente, tende a agravar-se. No contexto atual, porém, ele vem despertando o interesse de pesquisadores, juristas e profissionais da saúde ocupacional.
No Sinal, ouvimos, aqui e ali, reclamações veladas do funcionalismo: são mais desabafos que queixas, mas existem.
No entanto, não podemos quantificar nem qualificar essas ocorrências, dadas a informalidade e a confidencialidade envolvidas.
É nesse contexto que o Sinal toma essa iniciativa: como representante dos funcionários do Banco Central, o Sindicato pretende realizar uma pesquisa para analisar esse fenômeno no ambiente de trabalho da Instituição.
A pesquisa do Sinal: essa pesquisa para avaliar o assédio moral no ambiente de trabalho do BC deve ser encarada como uma "ferramenta". Queremos que ela gere informações que possam vir a subsidiar, principalmente, ações de prevenção, mas que também possam levar a eventuais correções, quando for o caso.
Trata-se de abordar o tema a partir de uma visão sistêmica, global e dinâmica, de forma articulada com o contexto social concreto no qual o funcionário do BC se insere.
As informações providas pela pesquisa podem orientar a organização em aspectos tais como:
a) criar uma cultura organizacional que minimize ou mesmo evite o assédio moral;
b) gerar estilos de gestão de conflito e de lideranças conscientes e aptas a lidar com o fenômeno;
c) oferecer ao funcionalismo instrumentos formais para comunicar eventuais problemas decorrentes do fenômeno na Instituição;
d) desenvolver indicadores que circunscrevam a situação do Banco Central com relação ao assédio moral, aos moldes do que já ocorre com os acidentes de trabalho, por exemplo.
Um segundo eixo estratégico para tratamento do assédio moral na organização requer ativar planos de ação paliativos para combater os efeitos do assédio moral, e curativos das conseqüências que este processo tenha causado às pessoas.
O assediado necessita, na maior parte dos casos, de tratamento de urgência. Para tanto, deverão intervir de maneira coordenada profissionais especializados que contribuirão para a resolução do problema – psicólogos, advogados, médicos e assistentes sociais, entre outros.
O que o Sinal pretende com a pesquisa: a abordagem do fenômeno social do assédio moral é complexa e requer um enfoque multidisciplinar, tanto na sua conceituação, quanto na intervenção para sua prevenção e tratamento.
Seja qual for a realidade, no BC, sobre o assunto, o primeiro passo é a informação a respeito.
E é essa a proposta do Sinal, ao lançar a iniciativa da pesquisa. Ela é, além de uma especial oportunidade de se abordar o tema francamente – e sem preconceitos.
Ela é, principalmente, uma oportunidade de se oferecer ao Banco Central subsídios para ações futuras que visem à qualidade de vida e de trabalho do funcionalismo, o que, ao fim e ao cabo, é função precípua do Sindicato.
Participe, colabore quando solicitado: esta é mais uma iniciativa do Sinal em nome dos servidores do BC.