Edição 0 - 05/04/2004

A HORA É AGORA: “NESSE GOVERNO, QUEM GRITA LEVA”

Na "salada mista" que o governo preparou para o reajuste anual dos servidores, tˆm de tudo, mas poucos estÆo completamente satisfeitos.

Como diss‚ramos no Apito Brasil 44, de 31.3, o governo dividiu o funcionalismo por faixas salariais, objetivando beneficiar os que ganham menos e, com isso, "definiu" os "maraj s" do servi‡o p£blico, deixando-os de fora de qualquer possibilidade de reajuste (alegando – falsamente, no caso do Banco Central – para nÆo "dar muito na vista", que as categorias exclu¡das j  tinham sido fartamente beneficiadas com PCSs em 2003).

A "f¢rmula m gica" foi metamorfosear o dinheiro do reajuste para "gratifica‡äes" espec¡ficas, o que, por conseqˆncia, tamb‚m exclu¡a os aposentados dos percentuais ganhos pelos ativos. As confedera‡äes com assento e voz na Mesa, como CUT/CONDSEF, bateram palmas para o governo; reclamaram apenas da nÆo extensÆo aos aposentados, para quem ficara previsto, nessa proposta, um reajuste m‚dio de 7%, o que abria perigosa brecha a profundas "tungas" para os futuros aposentados.

O "jeitinho" governamental veio logo, com o aceno de novas tabelas de reajuste para aposentados, que, embora com percentuais menores do que para os ativos, estÆo acima dos 7% inicialmente anunciados.

O PT/governo nÆo logrou seu intento de agradar, por‚m. Os servidores federais aposentados estÆo amea‡ando entrar na Justi‡a se esses percentuais nÆo forem revistos. Eles alegam o ¢bvio, que o governo insiste em ignorar: a Lei 8.213/91 prevˆ a manuten‡Æo do poder de compra dos benef¡cios e, hoje em dia, nÆo s¢ os aposentados como os demais servidores federais nÆo sabem mais o que ‚ isso, tÆo corro¡dos estÆo seus sal rios ante o aumento de custos da vida que s¢ o governo nÆo vˆ.

Tamb‚m por conta disso, auditores-fiscais da Previdˆncia Social de quase todo o pa¡s decidiram-se por paralisa‡äes de advertˆncia nos dias 7, 14 e 15 de abril, por alguns dos mesmos motivos do Banco Central: nÆo reposi‡Æo das perdas salariais e nÆo concessÆo de qualquer reajuste para os auditores-fiscais da Previdˆncia.

Os t‚cnicos da Receita Federal, por seu lado, terminaram sua greve no dia mesmo de seu in¡cio, por conta da interven‡Æo do secret rio Jorge Rachid, que encaminhou proposta aceita na assembl‚ia, mas de cuja implementa‡Æo – a ser acompanhada pela categoria – dependerÆo novas paralisa‡äes.

O governo "achou", dias atr s, R$ 1,7 bilhÆo para assentar fam¡lias sem-terra, depois de um prometido "abril vermelho" pelo MST. "Achou" R$ 800 milhäes para contemplar – conforme declarado na MNNP – as categorias de servidores cujos PCSs estivessem em discussÆo.

NÆo discutimos aqui o m‚rito desses "achamentos": se havia dinheiro, porque nÆo concedˆ-lo sem desgaste, como um ganho governamental face a esses segmentos sociais? O fato, ao vivo e a cores, ‚ que os dinheiros apareceram, e isso s¢ confirma a palavra de Luiz Marinho, presidente da CUT, dias atr s, e que virou uma "frase da semana", no Globo de ontem: "Nesse governo, quem grita leva".

Edições Anteriores RSS
Matéria anteriorSERVIDORES VENCEM UMA BATALHA NA CÂMARA: AJUDAM A SOTERRAR O PARECER QUE MUTILAVA A PARALELA
Matéria seguinteHOJE