Revista especial para a RIO+20
Carta do Conselho: Continuamos a acreditar em um mundo melhor
“O mundo está em crise” e a “crise financeira internacional está se agravando” são frases que ouvimos todos os dias. No entanto, tais afirmações e prognósticos catastróficos não são de hoje, existem desde os primórdios da civilização. Registros de filósofos e pensadores prevendo o final dos tempos caminham juntos com a própria História.
Contudo, o mundo moderno de fato corre sérios riscos. O planeta Terra está perto da saturação, e a causa é a degradação ambiental, com a exploração e destruição dos recursos naturais. Grandes catástrofes não podem ser explicadas apenas como “forças da natureza”, muitas são frutos das mudanças climáticas produzidas por nós, seres humanos.
Nesse contexto, e cientes de nossas responsabilidades como sindicato (organização social que visa a defender os direitos dos nossos representados), como servidores do Banco Central (agente regulador do mercado financeiro) e, acima de tudo, como cidadãos, resolvemos participar da Rio+20, conferência da ONU que reúne líderes mundiais para discutir meios de transformar o planeta em um lugar melhor para se viver. Além da proteção ao meio ambiente, esperamos importantes debates sobre como promover um novo padrão de desenvolvimento, com inclusão social e acesso irrestrito a bens de consumo, sem agredir ainda mais a nossa casa, a Terra.
Da mesma forma que fizemos quando participamos do 5º Fórum Social Mundial, em janeiro de 2009, estamos publicando uma edição especial para a Rio+20, com matérias que abordam, de diferentes ângulos, a responsabilidade socioambiental do Banco Central.
Algumas questões estão no centro das propostas sobre finanças sustentáveis que o BC leva para a conferência: Qual o papel do Estado, dos órgãos reguladores e das instituições financeiras nesse processo? Será que os mecanismos de autorregulação são suficientes, ou é imperante que haja a intervenção do Estado para reduzir as falhas do mercado de crédito?
A circular do BC nº 3.547, do BC, deu um novo passo: incluiu o risco socioambiental no processo de avaliação e cálculo da necessidade de capital para a cobertura de risco dentro do Processo Interno de Avaliação da Adequação de Capital (Icaap) das instituições. Essa preocupação com a concessão de crédito e a preservação ambiental já faz parte das ações do principal agente de fomento do país. O BNDES passou a considerá-la nas avaliações de concessão de empréstimos a projetos com impacto ambiental.
Outros assuntos que também fazem parte da agenda da sustentabilidade mereceram destaque nesta edição. Por exemplo: o destino das 2 mil toneladas de dinheiro velho, que anualmente são jogadas em lixões ou aterros sanitários; os programas de educação financeira do BC para ensinar a população a administrar seus rendimentos, dentro da perspectiva de consumir menos e poupar mais; a inclusão, com a promulgação da Lei nº 12.613, que garante acessibilidade aos recursos do microcrédito dos bancos oficiais, financiando com juros baixos a compra de equipamentos aos deficientes; e o tumultuado processo de votação do novo Código Florestal, em artigo do biólogo João de Deus Moreno.
Por fim, para discutir os desafios da economia verde, entrevistamos o senador Cristovam Buarque que, com seu trabalho historicamente focado na educação, é palestrante da Conferência.
Fechamos este número com uma homenagem. Para o “Prata da Casa”, escolhemos nosso colega Jarbas Athayde Guimarães Filho, sindicalista que sempre lutou por melhores condições de vida e trabalho para todos, especialmente na área da saúde.