Edição 0 - 07/11/2002

Aprendendo a Jogar

Uma conclusÆo inevit vel, como resultado da elei‡Æo de Luis In cio Lula da Silva, ‚ a de que se inicia um per¡odo de aprendizado para os diversos segmentos da sociedade brasileira.

Desde o presidente eleito, o seu partido e todos os demais, passando pelos empres rios e, por fim mas nÆo por £ltimo, n¢s os trabalhadores congregados nos nossos sindicatos, todos temos que estar preparados para atuar nos pr¢ximos tempos que virÆo.

 a primeira vez que o Brasil elege para o exerc¡cio do mais alto posto da rep£blica, um homem de origem humilde, oriundo das camadas mais pobres da nossa popula‡Æo e isso tem diversos significados.

O maior talvez e que mere‡a ser destacado, como est¡mulo a muitos, sÆo as possibilidades de ascensÆo social oferecidas pelo Pa¡s.  verdade que essas possibilidades se reduzem dia a dia, mas a chegada de um retirante nordestino … Presidˆncia tem tamanha riqueza e dimensÆo, que nos permite real‡ -la com j£bilo.

A pergunta mais freqente dirigida nesses dias a n¢s que estamos sindicalistas tem sido quanto ao nosso posicionamento frente ao governo do presidente eleito, ex-dirigente sindical e integrante de um partido de companheiros que estiveram conosco em momentos fundamentais. De repente, os companheiros de ontem sÆo os governantes de hoje, e qual dever  ser a nossa atitude diante deles?

Antes de tudo, sindicatos tˆm como fun‡Æo b sica a defesa do interesse dos seus filiados e como tal, tem de reivindicar seja qual for o governo, especialmente numa situa‡Æo como a atual, em que
padecemos h  longos anos sem corre‡Æo nos vencimentos. Portanto, nesse aspecto, devemos
continuar onde sempre estivemos e de onde nÆo devemos arredar p‚: buscar condi‡äes salariais cada vez melhores para os servidores do Banco Central.

No entanto, embora em lados opostos, entendo que a grande li‡Æo que se nos impäe ‚ a de
aprender as novas regras do jogo, que nas palavras do presidente eleito, sugere negocia‡Æo,
participa‡Æo, gestÆo democr tica, a partir das quais ele pretende propor … na‡Æo um grande pacto
social.


Disso decorre que teremos que aprender a conviver com essa nova ordem, participando das
discussäes, contribuindo com id‚ias e sugestäes para a constru‡Æo de outra realidade. Este ‚ o desafio que est  proposto ao nosso sindicato e a cada um dos servidores do Banco Central, no instante em que se sepulta os oito anos do pensamento £nico. VÆo-se os que se supunham senhores do saber, dos caminhos, da verdade e da vida. Aqui no BC, por exemplo, os iluminados deliberadamente reduziram as fun‡äes da institui‡Æo, afastaram-na da presta‡Æo de servi‡os … sociedade, arruinaram o clima
organizacional, reduziram a n¡veis inaceit veis a auto-estima dos servidores e implantaram uma
administra‡Æo avessa ao di logo.

Na nova ordem, portanto , ‚ inadmiss¡vel que o Banco Central possa continuar tendo os mesmos
administradores. Certamente aqui soprarÆo tamb‚m os ares da mudan‡a, com gente comprometida
com essa nova concep‡Æo, predispostas ao di logo, … negocia‡Æo, a buscar a colabora‡Æo dos
servidores, com suas experiˆncias acumuladas ao longo dos anos. Pois se negocia‡Æo e di logo sÆo a pedra de toque da rela‡Æo que no novo presidente pretende estabelecer com a sociedade, nÆo sejamos t¡midos aguardando que nos convoquem, vamos nos antecipar, abrindo internamente o debate em rela‡Æo aos assuntos da institui‡Æo, preparando-nos para apresentar as nossas proposi‡äes no momento prop¡cio. Enfim, caber  a n¢s decidir se queremos ser ouvidos, se queremos ser respeitados em nossas opiniäes, se queremos democratizar o acesso …s oportunidades de carreira, com avalia‡äes de desempenho claras, justas, objetivas.

Tenho a expectativa que o SINAL se manifestar  no tempo devido e que saber  criar os espa‡os
adequados ao debate, e que o livre trƒnsito das id‚ias ser  um est¡mulo a participa‡Æo de todos, fazendo ressurgir as voca‡äes que foram esmagadas por esses anos em que fomos induzidos a nÆo pensar.

Temos uma vasta agenda pela frente: regulamenta‡Æo do art. 192, um novo Banco Central, a MP 45 e devemos estar preparados para participar das discussäes, para influenciar na constru‡Æo de um Banco Central a servi‡o da sociedade brasileira.

Mas,um outro Banco Central apenas ser  poss¡vel, se os novos dirigentes estiverem sintonizados com essa nova realidade, que sejam pessoas vocacionadas para a negocia‡Æo e o di logo, e que tal esteja expresso em suas hist¢rias de vida. Essa, por sinal, ‚ uma exigˆncia
fundamental.

Francisco Mendes
Presidente Regional do Sinal Salvador

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