SABATINA E APROVAÇÃO DE GALÍPOLO PARA A PRESIDÊNCIA DO BCB
O economista Gabriel Galípolo, 42 anos, foi aprovado ontem no plenário do Senado Federal como novo presidente do Banco Central do Brasil, com mandato a partir de 1º de janeiro de 2025.
Ele ficará no cargo por 4 anos e poderá ser reconduzido a um novo mandato a partir de 2029.
Foram 66 votos favoráveis e 5 contrários.
A votação foi secreta.
Principais tópicos da sabatina de Gabriel Galípolo, ocorrida ontem – anteriormente à sessão do plenário do Senado Federal -, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, na qual Galípolo foi aprovado por unanimidade pelas (os) 26 integrantes da Comissão:
• Inflação
Galípolo afirmou que a expectativa “incomoda” e mencionou a economia aquecida acima do esperado como influência para a alta dos preços.
“Cabe ao Banco Central e à diretoria perseguir essa meta. […] E é curioso, porque, muitas vezes, polos que são críticos da ideia da autonomia são aqueles que gostariam, inclusive, que você tivesse maior liberdade ou elasticidade por parte da diretoria do Banco Central de perseguir uma meta fora daquela que foi estabelecida. Não se trata disso. Se trata de você obedecer o arcabouço institucional e legal”, defendeu.
• Conselho Monetário Nacional (CMN)
O diretor defendeu que o BC não vote na meta da inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional.
“Muito estranho que quem vai ter que perseguir a meta seja responsável por estabelecer a meta”, declarou.
• PEC 65
Galípolo defendeu que a PEC permite maior estrutura para viabilizar investimentos e cobrir custos operacionais com as novas tecnologias.
O então diretor de Política Monetária do Banco Central declarou que é preciso dar condições para o PIX funcionar, já que é uma plataforma que funciona todos os dias por 24 horas.
Disse que a autonomia da autoridade monetária não é uma forma de “insular” ou “virar as costas” ao poder democraticamente eleito.
Declarou que a instituição passou por uma redução “bem grande” de servidores públicos e que há necessidade de ampliação de recursos para atender os investimentos em inovação.
A redução de servidores públicos se deve tanto por aposentadoria quanto por saída para o setor privado, segundo Galípolo.
O então diretor disse que é “super importante” que o Banco Central esteja disponível a discutir o avanço institucional.
Afirmou que é necessário dar “condições” para as pessoas conseguirem trabalhar, “não só do ponto de vista remuneratório delas, mas da infraestrutura necessária”.
“Eu reforço a visão de preocupação do ponto de vista da necessidade de ter um arcabouço e estrutura institucionais que permitam o BC desempenhar suas funções”, disse.
No dia 4 de julho, quando sabatinado para a Diretoria de Política Monetária, afirmou que os diretores devem seguir a autonomia técnica e operacional, como foi determinado pela lei.
Defendeu que não lhes cabe opinar sobre o tema.
“A gente acata a legislação que está sendo colocada”, disse, na ocasião.
O relator da PEC 65, senador Plínio Valério (PSDB-AM), afirmou que Gabriel Galípolo é favorável à proposta que confere autonomia financeira e orçamentária ao Banco.
Ocorre que o governo articula para que a proposta não seja aprovada antes da saída de Roberto Campos Neto da Presidência do BC – o mandato dele termina em 31 de dezembro de 2024.
A ideia é que Campos Neto, que atuou nos bastidores pela PEC, não saia do cargo com o legado da aprovação do texto.
A conclusão da sabatina, na qual foi elogiado pela esmagadora maioria dos Senadores, mostra a grande capacidade de Gabriel Galípolo de articulação e manobra dentro do debate político no Senado.
Na conversa e nas suas declarações nunca abandonou uma posição de segurança, na qual não se comprometeu inteiramente com qualquer um dos lados da disputa política, sem nunca deixar de dar uma palavra que agradasse o interlocutor.
Galípolo disse que há uma discussão sobre a forma e desenho da autonomia na PEC, mas que o debate do mérito parece estar concluído.
Esta foi a sua maneira de dizer que defende a autonomia contida na PEC, ao mesmo tempo que não se compromete com a sua forma e desenho, o que é justamente o que acirra a luta política.
Se o objetivo de alguma pergunta era levá-lo a se posicionar exatamente sobre esse tópico específico, tal objetivo certamente não foi alcançado.
Sabatina de Gabriel Galípolo, novo presidente do Banco Central do Brasil, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal
Publicamos, a seguir, link de acesso a vídeo contendo a íntegra da sabatina de Gabriel Galípolo na CAE do Senado Federal.
https://www.youtube.com/watch?v=1xrsxWxK9Sg&t=86s
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