Edição 145 – 20/11/2013

Servidores ou serviçais?


apito20112013

A direção do Banco Central mais uma vez mostra sua cara quanto à defesa dos interesses dos servidores desta Casa, preferindo o tratamento de feitor ao de administrador de causas comuns.

O informativo Depes Comunica, distribuído ontem às 17h42 a todos os servidores do Brasil, informa, com um inegável ar de revanchismo e soberba, que havia conseguido suspender os efeitos da sentença proferida pelo Tribunal Federal da 2ª Região, em ação proposta pelo Sinal-RJ, mantendo como normal o expediente no dia de hoje, naquela cidade.

A direção do Banco Central anuncia, com satisfação, ter razão em ignorar a data símbolo da luta da população negra por um lugar digno na história deste país, desrespeitando uma lei municipal que a transformou em feriado na cidade do Rio de Janeiro, em homenagem a Zumbi dos Palmares, e fazendo com que aquela regional da autarquia acompanhe a de São Paulo, passando a ser as únicas repartições públicas das maiores cidades do país a funcionar na data, e seus servidores, os únicos a não aproveitar um feriado que é de todos os cidadãos cariocas e paulistas, e de outros 1.000 municípios no país.

A ação da Procuradoria do BC deixa patente que pode ser eficiente e proativa quando se trata de ações que possam de alguma forma vir a prejudicar os servidores, usando toda a força do seu quadro e o peso da importância da instituição para conseguir seus intentos. Diferentemente, quando se trata de agir em prol da solução dos processos que se encontram em análise pelo GT da Litigiosidade, faz-se de impotente, sem quadros para manter a mesa de negociação em funcionamento, de subserviente ao julgamento de procuradorias de outros ministérios, de incapaz de solucionar um único processo sob análise, em anos de estudo.

Lamentamos que essa postura da direção do BC, autoritária e impositiva, mostre-se apenas nas relações com seus servidores e não onde julgamos mais lógico e produtivo, como na fiscalização do sistema financeiro nacional, onde vigora uma visível subserviência.

Se a mesma disposição demonstrada ao passar horas na antessala de um juiz federal com o propósito de convencê-lo do moralmente indefensável fosse demonstrada na defesa dos interesses de seus servidores perante outros órgãos de governo, abandonando a simplista troca de missivas protocolares e burocráticas por ações mais contundentes e dignas da importância da instituição, por certo as pesquisas de clima organizacional apontariam resultados mais satisfatórios, melhorando, sem dúvida, as desgastadas relações internas da Casa.

Mesmo que este comportamento arrogante da direção do BC continue a definir o tipo de relação que deseja ter com seus servidores, não seremos nós do Sinal a esmorecer. Continuaremos na luta, justa, de rever os feriados desdenhados, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em outras regionais com problema semelhante, não porque simplesmente seja nossa vontade, mas porque a sociedade reconhece essas datas como importantes, históricas, merecedoras de serem lembradas, comemoradas e compartilhadas.

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