Edição 323 - 24.09.2024

O QUE A TAXA DE JUROS TEM A VER COM A PEC 65?

Como qualquer médico pode lhe dizer, o uso indiscriminado de antibióticos acaba por propiciar o surgimento de bactérias resistentes ao medicamento.

Algo semelhante ocorre com as finanças públicas brasileiras.

A dosagem cada vez mais elevada e o uso excessivo do antídoto (taxa de juros) tendem, paradoxalmente, a revelar sua ineficácia diante não só do fortalecimento do patógeno (inflação), como também do agravamento da doença (falta de crescimento econômico).

Na política monetária “à brasileira”, a forma de liquidação dos títulos públicos instaurada com o Mercado SELIC implica que sempre que títulos públicos são negociados, há transação imediata de reservas bancárias, ou seja, os títulos públicos são substitutos quase perfeitos destas, sendo, então, moedas que pagam juros.

Surge daí um grande negócio e um dos motivos da persistente alta taxa de juros cobrada no varejo brasileiro.

Uma vez que bancos e instituições financeiras têm suas reservas bancárias remuneradas, sem risco e com alta liquidez, quanto maior for o nível da taxa básica de juros melhor para estes “senhores”.

Numa sintonia perversa, como se parte da taxa SELIC para definição de todas as demais taxas do sistema, inclusive do rendimento de títulos públicos para fins fiscais, há uma clara contaminação da política monetária sobre a gestão da dívida pública e financiamento do governo.

Sendo esta controlada completamente pelos agentes financeiros que compram e repassam estes títulos por todo o SFN.

Isso porque, depois de contabilizarem seus lucros, imediatamente vestem os seus “jalecos” de médicos “isentos” para vasculharem os “perigos” que espreitam no horizonte.

Nesse sistema, os juros tendem a ser utilizados em doses cada vez maiores e mais ineficazes, tentando a esterilização completa da política fiscal, tal como o abuso de antibióticos, agravando o mal-estar das finanças públicas brasileiras, ao custo do comprometimento cada vez maior da economia nacional.

E a PEC 65?

A PEC 65 é o último passo para que o “paciente” fique completamente isolado e focado exclusivamente no “tratamento” baseado nas taxas de juros, visto que o Banco Central e os agentes financeiros poderão efetuá-lo sem qualquer possibilidade de reação do paciente.

Criar um mundo em que crédito caro e baixo crescimento econômico seja obtido com a “medicação obrigatória” destes “médicos” é o seu sonho de consumo, isso porque, independentemente do paciente viver ou morrer, sempre serão regiamente remunerados pelo seu trabalho.

A luta contra a PEC 65 continua!

 

PEC-65: RUIM PARA O SERVIDOR DO BC, PIOR PARA O BRASIL!

 

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