Edição 0 - 12/06/2003

E, MESMO COM A MONUMENTAL MARCHA CONTRA A REFORMA…

E, MESMO COM A MONUMENTAL MARCHA CONTRA A REFORMA,
TUDO CONTINUA COMO DANTES NOS QUARTIS "LULANTES" …

No dia em que, como governo, o PT testou o seu "telhado de
vidro", o l¡der da oposi‡Æo … Reforma da Previdˆncia do governo anterior – Luiz
In cio Lula da Silva – ignorou o movimento de cerca de 25 mil servidores.

Fosse despachando em seu gabinete, fosse porque esteve
recebendo nesse dia o Presidente da Argentina, Nestor Kirchner, cuja visita,
inclusive, para evitar transtornos, foi transferida para o Pal cio da Alvorada,
isolado e distante dos gramados do Planalto, Lula atravessou tranqilo seu dia,
enquanto seus "generais" sinalizavam, daqui e dali, que os servidores estÆo
entregues … sua pr¢pria sorte.

A orienta‡Æo do governo era para que nenhum parlamentar da
base governista estivesse presente na marcha. At‚ Vicentinho, hoje deputado pelo
PT/SP, antes Presidente da CUT, "resignou-se" … ordem do governo (deve ser
porque "¢rdis" ‚ "¢rdis").

Aposentados j  bem idosos integraram um protesto em que
faixas e cartazes acusando o governo de "traidor" traduziam o pensamento
generalizado de que o PT foi o autor de um estelionato eleitoral sem
precedentes, porque respaldado pelo imagin rio popular de esperan‡a numa guinada
em rela‡Æo …s pol¡ticas do governo anterior.

At‚ a atual oposi‡Æo referendou o pensamento de todos,
aprovando as muitas e continuadas vaias que os poucos parlamentares do PT
autorizados a participar da passeata levaram dos manifestantes. O l¡der do PSDB
na Cƒmara, Jutahy MagalhÆes Jr., da Bahia, creditou-as ao "pre‡o da mentira" que
o PT pregou no seu eleitorado durante a campanha.

Nada disso, por‚m, abalou a convic‡Æo do governo nos termos
de sua proposta de Reforma. Luiz Dulci, negando desconforto com as manifesta‡äes
populares, deixou claro aos 20 sindicalistas por ele recebidos na
Secretaria-Geral da Presidˆncia que a determina‡Æo do governo em fazer a reforma
‚ "inabal vel" e que nÆo est , absolutamente, aberto a qualquer negocia‡Æo que
v  de encontro ao "esp¡rito" (de porco, com certeza) das reformas.

Disse mais: que nÆo havia nenhum motivo para decep‡Æo, quando
lhe reportaram o "estelionato eleitoral", e que o governo, em apenas cinco
meses, havia conseguido recuperar a estabilidade do pa¡s, perdida no ano
passado. Prometeu que os "compromissos do presidente com o funcionalismo serÆo
todos cumpridos ao longo de quatro anos, e o que ele nÆo pode fazer de imediato
pelos servidores ‚ porque tamb‚m nÆo pode fazer para outros setores sociais".

Como se o bojo da proposta de reforma da Previdˆncia fosse,
de alguma forma, um conjunto "provis¢rio" de medidas, que um dia se pudessem
"acertar". Como se o conte£do de impiedade nela embutido nÆo fosse revolucionar,
irreversivelmente, as vidas de milhäes de pessoas que tinham um contrato, e o
vˆem agora rasgado.

Mas o governo ‚ mais maquiav‚lico do que se pensa, e "amarra
as pontas" do pacota‡o contra os servidores. Al‚m de prometer R$ 3000,00 de
abono a professores "de alta qualifica‡Æo" para que nÆo se aposentem, faz, via
Presidente do PT, Jos‚ Geno¡no, uma reuniÆo de ministros para "dar solidariedade
ostensiva" ao governo, assim como reuniäes seguidas com parlamentares para
evitar os "desencontros" entre procedimentos e pronunciamentos de lideran‡as.

O deputado Roberto Brant (PFL/MG), Relator da ComissÆo
Especial que apreciar  o m‚rito das propostas de Reforma, discursando ontem no
Congresso fez questÆo de declarar que os servidores presentes … passeata em
Bras¡lia foram recrutados entre os que ganham menos, serÆo menos prejudicados
pelas e reformas e nÆo representam, portanto, o funcionalismo "dos grandes
sal rios e privil‚gios"; que esses ficaram atr s de suas mesas, em seus
escrit¢rios, "manobrando" para manter suas "vantagens".

Atente bem: ele nem come‡ou a "apreciar o m‚rito" das
propostas, e j  disse a que veio, como, ali s, parecem estar dizendo o tempo
todo os representantes do governo no que tange … Reforma da Previdˆncia.

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