ORA DIREIS, É ELEIÇÃO

    Acredito que tudo que eu queria dizer, tudo que eu penso sobre eleições, especialmente sobre a que se realizará agora no dia 07, eu já disse em vários textos por mim divulgados. Não direi mais nada e vou ficar aguardando os resultados do Rio e de alhures. Depois talvez volte a comentar, quem sabe? Quiçá.  Mas preciso dizer o motivo de certas posições que tenho adotado mais recentemente. Todos sabem que estou hoje com 76 anos. Quando já alcançara uma idade que me desobrigava de comparecer para votar, ainda sim eu votei. Explico: eu já morava aqui em Cabo Frio, porém meu título era, e ainda é, do município do Rio de Janeiro. Para me deslocar ao Rio nunca vou sozinho. Desde 2003 quando fiquei viúvo, Lena sempre me acompanha. Na época decidi ir votar e ela concordou em me acompanhar, ocorre que o título dela é aqui de Cabo Frio. Havia eleição lá e cá como agora. Mais, Lena era mesária na sessão em que ela vota aqui.  Escrevi uma carta ao Juiz local explicando a situação e dizendo que ela me acompanharia como dama de companhia, que era, (ainda não havíamos casado) e pedindo a compreensão dele para a situação.  Eu já era um idoso com mais de 70 anos, morando sozinho e tinha diariamente o apoio dela no que se referia a cuidar de mim e de minha casa. Deixei bem claro que ela era fundamental para que eu exercesse o meu direito ao voto, mas respeitaria qualquer que fosse a decisão de S. Excelência.  Dias depois recebi a resposta do Ilustre Juiz liberando Lena de sua função de mesária e de uma eventual punição pelo não comparecimento para votar no dia da eleição. Julgo que agi corretamente e assim pude cumprir com meu dever de cidadão, mesmo prejudicando Lena no mesmo direito ao voto. Digo que só o fiz porque ela concordou com minha decisão. Na eleição seguinte, e após tantas decepções com a política vigente e/ou com muitos políticos que ainda estão aí e provavelmente serão eleitos e/ou reeleitos, mudei de atitude. Preferi deixar que Lena cumprisse com seu direito a votar, como agora o fará, e eu, tendo como “motivação” muitas decepções contra as quais tenho me insurgido em vários textos, passei a usar o direito que a Lei me dá de não votar. De qualquer forma, caso eu comparecesse no dia 7 na minha sessão no Rio, nesta eleição, não seria para escolher algum dos candidatos que pleiteiam nosso voto.   Como tenho dito em minhas crônicas, sem medo de ser feliz, e usando de um direito que alguns podem até criticar, mas jamais poderão dizer ser antipatriótico, eu votaria NULO. Vejam que assim fazendo eu estaria sendo injusto, sim, mas com Lena. Aqui temos um pleito e interesse na vitória de um dos candidatos. Espero não escandalizar ninguém por ser sincero, autêntico, e revelar que votaria NULO. Afinal tenho lido e ouvido alguns comentaristas que respeito e que anunciam o mesmo tipo de atitude. Não estou só, apenas “somos” um bloco certamente pequeno para podermos manifestar nossa indignação com tanta bandalhice, ou patifaria. Pois que seja feita a vontade dos eleitores.  Permitam-me antes de encerrar só lembrar o que eu coloquei em texto recente que divulguei com o título “A Obrigatoriedade Mentirosa”. No correr da minha argumentação citei o que recebi de pessoa amiga residente nos EUA há muitos anos. Repito aqui e agora, com licença: "A taxa de participação nas eleições presidenciais americanas costuma situar-se entre os 55% e os 60%, o que podemos considerar como uma afluência aceitável, quando comparativamente considerado com países europeus onde também não vigora o sistema de voto obrigatório." Sei que entenderam, mas me permitam esmiuçar o acima dito. Significa que a abstenção nos EUA, em eleição para Presidente, tem oscilado geralmente entre 40 e 45%. Por que o exemplo dos EUA? Porque há pessoas que insistem em defender esta esdrúxula “obrigação de ir ao voto” dizendo que somos terceiro mundo e as pessoas não percebem a importância de votar! Pergunto: e nos EUA, e na Europa? O que me dirão os defensores dessa exigência aqui remanescente? Lá, no primeiro mundo, ninguém precisa se preocupar em votar nulo, já que basta abster-se, não ir às urnas, e isto realmente acontece em percentual, como vêem acima, bastante elevado. Não é um exemplo dignificante, concordo, porém é uma trajetória habitual, um comportamento histórico pelo primeiro mundo. E aí? Então, por favor, e com todo respeito, não me venham com chorumela, ou como me dizia um bom amigo da antiga, ainda vivo, graças a Deus, “não me venhas com buziguins ao leito…” diga-se que era uma expressão só dele.  Acrescento que também me foi dito o seguinte: “Lembro que segundo as pesquisas atuais esperam para a eleição presidencial que se aproxima, nos EUA, uma abstenção muito maior do que houve em 2008.” – Sem mais comentários. Francisco Simões. (Outubro/2012) 

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