A IMPRENSA BRASILEIRA ESTÁ VIRANDO O JOGO

    Em relação a dois dos mais significativos ícones dos países livres, o Brasil anda obtendo vitórias sobre os Estados Unidos, a “maior democracia do mundo”. De goleada no confronto sobre eleições limpas, rápidas e eficientes. Na última disputa à presidência norte-americana que elegeu George Bush, nenhum desses atributos foi destaque. Muito pelo contrário.E tem obtido vitórias clássicas, do tipo 3 x 0, em termos de credibilidade da imprensa. Ano passado descobriu-se que o “New York Times” e o “USA Today” estavam publicando matérias que eram inventadas pelos seus repórteres. Em junho, o popularíssimo “New York Post” cometeu das maiores "barrigas" (notícia falsa) da história da imprensa americana. Amanheceu nas bancas anunciando, com vinheta de exclusividade, que Richard Gephardt seria o vice na chapa do oposicionista John Kerry na eleição presidencial de novembro. O escolhido na madrugada havia sido John Edwards.Agora, outro escândalo: os números de circulação de alguns jornais foram falsamente inflados. A intenção era atrair mais anunciantes e, em conseqüência, ganhar mais dinheiro. As agências de publicidade confrontaram os periódicos na justiça e não há dúvida de que receberão milionárias indenizações.As principais empresas de comunicação brasileiras têm investido pesado em tecnologia, informática e em fórmulas que lhes garantam credibilidade de imagem e lhes permitam obter absoluta certeza na veiculação de notícias, porque sabem que não é fácil espantar o velho hábito popular de classificar as notícias desagradáveis, como “invenções da imprensa”. A ordem geral é: primeiro descobrir, depois apurar e só depois noticiar. A VEJA chega até mesmo a dar um passo a mais: ao que já foi descoberto por um primeiro e investigado por um segundo, impõe uma última checagem por um terceiro.Na busca pela transparência, O GLOBO, no lugar de um simples comunicado interno aos seus profissionais, publicou no primeiro caderno, o Regulamento do jornal para as eleições de outubro, a exemplo do que faz a FOLHA-SP. São 10 itens. Claros, objetivos, abrangentes e democráticos. Hoje, de forma salutar, existe a preocupação de esclarecer aos usuários que os órgãos de imprensa também possuem o direito de apoiar um candidato. Entretanto, deixam claro que isso não os exime de serem imparciais com os demais. Cientes da sua importância, as empresas não possuem mais vergonha em admitir os erros e dão às manifestações dos seus leitores o mesmo destaque e espaço oferecido aos principais colaboradores. O jornalismo brasileiro, finalmente, está cumprindo a sua missão de opinar, informar, entreter, e, se for o caso, denunciar. O “denuncismo”, senhor Presidente, se responsável, faz parte do papel da imprensa, sim! Quem o informou do contrário? Aposto um doce no José Dirceu.Essas medidas ainda não permitiram à imprensa de se blindar contra inverdades que a crendice e a imaginação popular transformam em verdades absolutas. Dois exemplos recentes são as estórias de que a repórter Glória Maria, teve que desaparecer por uns tempos porque estava “chegando” perto dos “assassinos” do ex-presidente Tancredo Neves e que o Brasil perdeu a Copa de 1998 por ordem e a soldo da Nike. É praticamente impossível ter-se hoje a repetição de um erro cometido há anos pelo Jornal do Brasil que trocou a classificação de uma deputada de “líder feminista” por “antifeminina”. Esse tipo de erro atualmente é inadmissível. Assim como, nada pode ser noticiado sem que exista na retaguarda -devidamente reconhecidos – os comprovantes necessários. Novos e saudáveis tempos que fazem, no plano político, de Paulo Maluf e Marcelo Crivella, coitadinhos, as suas atuais e mais vistosas vítimas.   . 

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