Fracassa acordo para evitar calote dos EUA

    Da Redação

    O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e os líderes do Partido Republicano, de oposição, fracassaram em fechar um acordo, ontem, em torno de uma proposta para ampliar provisoriamente o teto de US$ 16,7 trilhões da dívida pública norte-americana. O limite deverá ser alcançado no próximo dia 17 e pode provocar um inédito calote, que teria graves conseqüências sobre a economia do país e do resto do mundo. A Casa Branca e os oposicionistas, no entanto, mantêm esperanças de alcançar um acerto ainda hoje.

    Pela sugestão, apresentada pelo presidente da Câmara, John Boehner, o poder do governo de tomar empréstimos seria ampliado até 22 de novembro, o que daria tempo para que fossem iniciadas discussões a respeito de pontos que os republicanos querem ver sobre a mesa, como cortes de impostos e de programas sociais. “E tempo para essas negociações e essas conversações começarem””, disse Boehner, depois de apresentar o plano a seus colegas do Partido Republicano, e antes de se reunir com Obama, no início da noite.

    O presidente, no entanto, só admite discutir a elevação do limite de endividamento se a oposição concordar em agir para pôr um fim à paralisação do governo. Desde Io de outubro, milhões de funcionários estão em casa, sem trabalhar e sem receber salários, e centenas de repartições públicas permanecem fechadas porque orçamento do ano fiscal 20132014 não foi votado pela Câmara, controlada pelos republicanos.

    Tensão

    Atç o meio da tarde, tudo pa-reciá caminhar para a soluçãq do
    in^passe que vem abalando os mercados financeiros e pondcj em xeque a futura capacidade dos EUA de solver seus débitos. “O presidente está feliz que os ânimos estejam menos exaltados na Câmara e que os republicanos finalmente parecem reconhecer que o “default” não é uma opção viável”, disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, ao comentar a iniciativa de Boehner. Segundo afirmou, Obama tem “forte preferência” pela elevação de longo prazo do teto da dívida, mas aceitaria uma extensão provisória se outras questões não entrassem no debate.

    Mas a tensão voltou a subir quando o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, afirmou, após sair de uma audiência com o presidente, que o partido não iria negociar nenhuma proposta enquanto o governo continuasse paralisado. A noite, depois que Boehner e outros republicanos se reuniram com Obama, por cerca de uma hora e meia, a Casa Branca informou, em comunicado, que o impasse em relação ao teto da dívida e ao orçamento permanece.

    Os dois lados, no entanto, continuaram conversando depois do encontro, o que manteve a esperança de que é possível que eles possam chegar a um entendimento antes da data fatal de 17 de outubro. O deputado republicano Pete Sessions disse acreditar que um acordo sobre o financiamento do governo e o aumento do limite da dívida pode ser alcançado ainda hoje. Presidente daComitê de Regulamentação da Câmara, Sessions disse que representantes de seu partido e funcionários da Casa Branca iriam trabalhar para “definir parâmetros e ver se poderiam ser feitos progressos”.

    Pesquisa

    A oferta para elevar o teto do endividamento do governo é uma mudança significativa na estratégia dos republicanos, que vinham tentando emparedar o presidente e arrancar de Obama concessões que ele considera inaceitáveis, como mudanças na reforma do sistema de saúde, conhecida como Obamacare. A manobra, que acabou fortalecendo a posição do presidente, mostra ainda que Boehner e outros líderes oposicionistas estão procurando melhorar a imagem do partido diante da opinião pública, já que, segundo pesquisas recentes, a maioria dos norte-americanos reprova a tática de paralisar a administração para obter ganhos políticos.

    Uma sondagem da emissora de tevê NBC, em parceria com o The Wall Street Journal, divulgada ontem, apontou que 63% da população dos EUA acreditam que o imp asse sobre o aumento do teto da dívida do país é um problema real e sério. Em julho de 2011, 55% dos entrevistados responderam a mesma coisa, quando o impasse semelhante chacoalhou a política americana. Levada para o campo partidário, a amostragem revela que 72% dos que se declararam democratas acreditam que a não elevação do teto da. dívida é um problema real e sério, contra 57% dos assumi-damente repujjücânos.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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