Executivos de bancos e analistas de mercado que estiveram no Banco CENTRAL nos últimos dias notaram um clima de desânimo entre os diretores comandados por ALEXANDRE TOMBINI. Ainda que o discurso não seja claro, a sinalização é de que a instituição está se sentido isolada num governo que tem metido os pés pelas mãos e correndo atrás dos prejuízos, quando deveria estar se antecipando aos fatos para reverter a pesada onda de pessimismo que está empurrando o país para a recessão.
O BC acredita que já fez a sua parte no esforço a fim de reverter o pior dos males para a presidente Dilma Rousseff na caminhada à reeleição: a inflação alta. Ao elevar a taxa básica de juros (Selic) de 7,25% para 11% ao ano, desde abril de 2013, a autoridade monetária deu um tranco na atividade, que ajudou a reduzir a demanda e a tirar pressões sobre os preços. Ontem, por sinal, técnicos da instituição chamavam a atenção para o forte recuo do IGP-10, com deflação de 0,67% em junho.
Conforme relatos de executivos e analistas, o BC está convencido de que o quadro preocupante da economia certamente seria outro se houvesse um empenho maior do governo para resgatar a credibilidade na política econômica. Em vez de fazer um ajuste fiscal consistente, o Tesouro Nacional continuou recorrendo a manobras para fechar as contas. Ao contrário de dar um choque de gestão para ampliar os investimentos em infraestrutura, o Palácio do Planalto optou por improvisos que só contribuíram para ampliar o mau humor de empresários e das famílias. Não à toa, os desembolsos para o aumento da produção e o consumo estão em queda.
O que mais preocupa o comando do BC é a falta de perspectivas, garantem os executivos ouvidos pela coluna. Com as eleições chegando, não se espera nenhuma mudança de postura do governo no sentido de reverter a desconfiança. Pior: a se confirmar a contração do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, certamente o fogo amigo vai se virar para a autoridade monetária, acusada de pesar demais a mão sobre os juros e comprometer o crescimento do país justamente no ano de eleições.
TOMBINI é guerreiro
Na defesa do presidente do Banco CENTRAL, ALEXANDRE TOMBINI, amigos próximos garantem que não há a menor possibilidade de ele perder o entusiasmo à frente da autoridade monetária. Garantem que, se o desânimo chegar, TOMBINI terá coragem suficiente para entregar o cargo. “Ele está trabalhando com todas as forças para que a economia tenha o melhor resultado possível neste ano. E podem esperar: a promessa dele de derrubar a inflação vai se concretizar mês a mês. É só ter paciência”, afirma um aliado do comandante do BC.
Descaso e burocracia
Não é só o governo que tem merecido críticas no Banco CENTRAL. Técnicos da instituição estão inconformados com o descaso do Congresso em relação ao Projeto de Lei nº 4.458/2012, que prevê a ampliação do limite para compra e venda de dólar no país por pessoas físicas, de US$ 3 mil para US$ 10 mil. A meta era facilitar as operações para turistas estrangeiros, que estão no país para acompanhar a Copa do Mundo. Acima do atual limite, é preciso fazer um contrato de câmbio, que custa caro e é extremamente burocrático.
Desmonte demorado
» Técnicos do governo que conhecem muito bem as entranhas da máquina pública garantem que, caso a oposição vença as eleições em outubro próximo, o futuro presidente da República levará pelo menos dois anos para desmontar a estrutura de poder montada pelo PT. “Indicados pelo partido estão espalhados por todas as áreas. Mesmo nos níveis mais baixos de salário, eles estão presente, a despeito de não terem capacitação para o cargo”, enfatiza um servidor do Ministério do Planejamento. “Trata-se de um aparelhamento sem precedentes”, completa.
Sinal amarelo
» O julgamento do mensalão acendeu o sinal amarelo nas grandes empresas, preocupadas com os crimes de gestão temerária e fraudulenta. Com a Lei Anticorrupção em vigor, as companhias acenderam o alerta máximo. Pesquisa do escritório Vinhas e Redenschi Advogados demonstra que os crimes financeiros impactam em quase 50% da reputação corporativa, um problemão para a imagem das firmas. A seguir, aparecem a perda financeira e o rompimento das relações de negócio.
Corrupção em alta
» A corrupção em empresas privadas avança a passos largos, a despeito do fraco crescimento do país. Nota-se que 64% dos subornos e corrupção são de natureza interna, sendo que 35% dos funcionários trabalham há mais de seis anos na empresa prejudicada e muitos têm cargo de média gerência.
Seguros para executivos
» Os investimentos em seguros para proteger executivos de acusações de fraude e de roubo pularam de R$ 8 bilhões, em 2012, para R$ 11 bilhões no ano passado. Foram analisadas 232 companhias com ações na bolsa de valores e, desse total, 81%, segundo a KPMG, revelaram os respectivos montante.
Fonte: Correio Braziliense