As perdas acumuladas neste ano pelo Banco Central (BC) com as intervenções no mercado de câmbio feitas em contratos de swap já alcançam R$ 57,04 bilhões. Instrumento derivativo emitido e vendido pelo BC, que assume o risco da variação da taxa de câmbio, e comprado pelo mercado, que assume o risco da variação da taxa de juro em um mesmo período, o contrato de swap cambial deu prejuízo contábil no mês passado de R$ 23,906 bilhões.
Em todo o primeiro semestre, essa fatura a “favor do mercado” e “contra o BC” havia ficado um pouco acima de R$ 33, bilhões, o que mostra o avanço da deterioração. E a moeda americana continua se fortalecendo ante o real. E sem qualquer trégua.
A cada avanço do dólar em relação ao real, mais atenção o mercado financeiro dedica às operações de swap patrocinadas pelo BC em função de seu custo fiscal em tempos tão bicudos. O Banco Central tem em sua defesa o fato de conter instabilidades no mercado de câmbio sem queimar reservas internacionais e o fato do prejuízo contábil com sua posição de swap, superior a US$ 100 bilhões, significar ganho contábil na conta de reservas. Para a autoridade, as operações de swap são consideradas neutras.
Mas se no balanço contábil do BC “perdas” com swap se compensam por “ganhos” com a valorização do estoque de reservas, o mesmo não vale para um conceito mais abrangente do endividamento do país – o que realmente coloca nossa economia na vitrine para investidores internacionais, governos e organizações multilaterais.
O BC faz parte do governo central que tem sua dívida monitorada pelo Tesouro Nacional. Junto com o BC estão as contas da Previdência e do próprio Tesouro. E, nessas contas, a perda contábil do BC com swaps é registrada como despesa com juro. Se essa despesa contábil só faz avançar, como mostram as estatísticas, a equipe econômica tem desafios a encarar. E passam pelo câmbio.<br< div=””>