Dia Internacional da Mulher
Sinal-DF Informa de 08/03/2016
O Dia da Mulher é associado continuamente à história de uma greve, que ocorreu em Nova Iorque, em 1857, na qual 129 operárias morreram depois dos patrões terem incendiado a fábrica ocupada. Entretanto, esse marco é controverso.
Historiadores afirmam que essa greve nunca existiu. É um mito criado por causa da confusão com as greves de 1910; de 1911, nos EUA; e 1917, na Rússia. Essa miscelânea se deu por motivos históricos políticos, ideológicos e psicológicos. A tese bastante consistente é de que a real motivação da data foram protestos de ocorridos em Petrogrado no ano de 1917, naquela ocasião, mulheres convertidas em chefes de família durante a guerra, saíram às ruas, cansadas da escassez e dos preços altos dos alimentos.
Em 1975 a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas), como “Dia Internacional da Mulher”, com o objetivo de discutir o papel da mulher na sociedade atual, fazendo referência ao controverso incêndio que provocou a morte de trabalhadoras têxteis.
Ou seja, mesmo neste dia de luta pela equidade é reforçada a imagem da mulher vítima de opressão, encobrindo a posição de protagonismo das mulheres que lutaram ativamente pelos seus direitos voto, salário e condições de vida, tomando espaço na construção de uma revolução importante para a história mundial.
De qualquer forma, é uma data importante para reflexão e para ações que busquem diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização que a mulher ainda sofre.
Apesar dos avanços, as mulheres e as meninas ao redor do mundo, enfrentam novas e mais complexas dificuldades e em muitos aspectos suas condições seguem sendo precárias, em alguns países, violência física e sexual, e falta de acesso à educação básica é destino quase imutável de quem teve a “má sorte” de nascer do sexo feminino.
No Brasil, esta vulnerabilidade não é tão grande, mas ainda há muito que se avançar em termos equidade de gênero. Por exemplo, ranking da União Interparlamentar classificou os países de acordo com o número de cadeiras que as mulheres ocupam no Congresso Nacional, o Brasil ficou em 118º, com apenas 9,9% de mulheres na Câmara do Deputados. Ficamos atrás de países como Etiópia, Uganda, Afeganistão, Paquistão, Arábia Saudita, Marrocos, Coreia do Norte. Nossas leis são criadas pelos homens e para os homens.
No Banco Central, também somos minoria, pouco mais de 20% dos servidores segundo o último levantamento do Depes. No sindicato não é muito diferente, dos 19 membros do Conselho Nacional, apenas duas mulheres, eu, Rita Girão e outra conselheira de Brasília Josina de Oliveira. Na Diretoria Executiva do Sinal, dos 10 diretores, só duas mulheres, eu e Ivonil de Curitiba. E assim, algumas reinvindicações como creche, reajuste do auxílio pré-escolar, teletrabalho, flexibilização de jornada, redução de jornada com redução salarial, redução de jornada para cuidar de filho com necessidades especiais, geram estranhamento mesmo para nossos colegas sinaleiros de longa data.
A participação da mulher nos traz novas perspectivas, nos faz ver o mundo com outros olhos.
“Minha mãe pedia para eu cobrir o rosto, porque os meninos estavam me olhando. E eu falava: ‘mas eu também estou olhando para eles, mãe!” Malala Yousafzai
Portanto, mais que homenagear a mulher, é hora de renovarmos nosso posicionamento. Não permitiremos que o ambiente no BCB seja avesso às mulheres. Não aceitaremos caladas que setores recusem mulheres “por já terem quem atenda ao telefone” ou “atrapalhem a harmonia dos confrades”. Muito menos toleraremos o assédio sexual, mesmo que na forma de “inocentes cantadas” ou o abuso de autoridade dos que se aproveitam de suas subordinadas ou das menores aprendizes. Tais histórias DEVEM sair da rádio corredor, do disse-me-disse, do anonimato que ajuda o agressor. E a estrutura sindical está e estará à disposição para dar VOZ à mulher que trabalha no BCB, tanto na esfera política, quanto na administrativa e na judicial.
Que o mundo consiga avançar para que possamos olhar nos olhos uns dos outros nos reconhecendo como seres humanos, sem diferença de sexo, raça, religião, partido político ou time de futebol.
Filie-se ao Sinal, brigar pela conquista e preservação dos nossos direitos é uma batalha de todas e todos nós.
Rita Girão Guimarães
Presidente do Conselho Regional do Sinal
Seção Regional Brasília
1.497 filiados em Brasília