A CRÔNICA 600

    O número é relativo, poderia ser 300, ou 400, ou 500, mas neste caso é 600. Por que 600? Sei lá, apenas me dei conta outro dia que estava chegando ao texto em prosa de número seiscentos. Meu arquivo de crônicas já ultrapassou 17 megas. Para alguns pode parecer pouco, para mim, a esta altura da vida, e tendo recomeçado a escrever publicamente, com o apoio inicial de Irene Serra, em janeiro/2001, quando já tinha 64 anos, considero que avancei bastante, que escrevi muito e quase sempre com imenso prazer de o fazer. Quando escrevo este texto estou caminhando para completar oito anos na internet, divulgando crônicas e poesias, além de meu trabalho em arte fotográfica, etc. Vejam que em sete anos e nove meses, tirando dois meses por ano nos quais nada divulgo, pois entro em “férias”, perfaz um total de 79 meses de divulgação. Pelos meus cálculos isto alcança uma média de quase 8 textos em prosa, artigos, crônicas, etc, por mês. Isto sem falar nas minhas outras diversas atividades diárias, seja para manter meu preparo físico no patamar de minha idade, seja ajudando em tarefas domésticas, seja nas compras e problemas outros, mais tempo para ler, ouvir música, etc.  Cheguei aos 72 anos seguindo escrevendo. Desculpem, porém eu tenho mais é que comemorar e é o que estou fazendo com estas palavras, minhas amigas constantes e diárias, com estes parágrafos em que elas se reúnem dando sentido a todo um texto que procura expressar uma idéia, um tema, onde vagueio solitário procurando comunicar o que me vai na alma. Já escrevi sorrindo, já escrevi chorando, já escrevi indignado, já escrevi tomado por uma inspiração poética ao ver um passarinho entrar aqui na sala de casa, passear à vontade sem ser molestado, e depois sair pela porta.  Também já escrevi tocado pela emoção ao descrever um ninho, ao falar da vida e da morte, festivo ao assistir a uma “Chuva de Pipas”, confuso e mergulhado em dúvidas ao tentar buscar “O Sentido da Vida”. Tenho escrito muito, tenho sim. E não incluo aqui as poesias. Já escrevi e divulguei várias crônicas escritas, como eu digo, “a quatro mãos”. Convido algum amigo ou amiga, leitor ou escritor, que me escreveu algo de que gostei por demais, a participar de um texto junto comigo, desenvolvendo a mesma idéia, o mesmo tema. Não me importo, muito pelo contrário. Sei que é muito difícil alguém fazer isso, até porque geralmente este tipo de reconhecimento e gratidão que leva a uma divulgação conjunta é, direi assim, “desaconselhado” por um certo egocentrismo ou sentido personalista de autoria. Acaba então vencendo a vanglória, a vaidade, e quem escreve foge da idéia.  O que mais me desagrada, confesso, é quando tenho que me ater a temas sobre a política, nacional ou internacional, ou a políticos, neste mundo de hoje. Só não fujo deles porque minha responsabilidade, minha consciência cidadã, jamais me permitiriam faze-lo. Mas acabo bem machucado quando mergulho neles. É o tipo de assunto sobre o qual escrevo muito mais por obrigação do que por devoção. Quando eu digo que tenho que comemorar não julguem que seja gabolice de um velho bobo, não, não é isso. Fico feliz quando vejo que nas minhas duas pastas de “Comentários de Leitores”, a primeira aberta logo que voltei a escrever na internet, no coojornal do Rio Total, e a segunda cerca de dois anos depois, estão arquivadas hoje mais de 3.300 mensagens trazendo comentários diversos. Durante este período escrevi para muitos sites literários, a maioria por convite a mim feito, e os dois primeiros, como o Rio Total e Blocos, por eu ter batido à porta de ambos já que até ali eu não existia na internet. Fui muito bem acolhido e estimulado a escrever publicamente e aqui estou até hoje. Cheguei a escrever para muitos sites, mas depois percebi que aquilo mais me cansava do que me dava prazer. Tive então que ir fazendo uma seleção. Claro que nem tudo significou flores, pois se de alguns eu saí por acordo, amigavelmente, deixando lá muitos trabalhos, de uns bem poucos fui devidamente “expurgado”, neste caso de apenas três. Em dois deles tive que tomar tal atitude quando me vi sendo censurado na palavra e no tema do que estava escrevendo. Isso eu não aceito, não mesmo. Manifestei meu desagrado e pedi o boné. No terceiro deles posso dizer que fui devidamente expurgado por um critério que considerei absurdo. Não aceitei as novas regras de trabalho e, claro, mesmo lamentando muito, pois gostava do site, tive que dizer um sonoro “Não”. E se trata de um site dos grandes, muito prestigiado e muito divulgado. Porém jamais eu deixaria de ser coerente com meus princípios e conceitos. Eu sou assim. E aqui estou eu insistindo em escrever sempre e sempre, mais e mais, praticamente todo dia. Hoje me faço presente em 5 sites literários, além do meu, claro. Agradeço o apoio tanto da boa amiga Irene Serra (Rio Total), responsável por eu ter reiniciado a escrever em prosa, como às amigas do SINAL, site do Sindicato dos Func. do BACEN, ao Germina Literatura, ao Conexão Maringá, e ao Ecos da Poesia. Me orgulho desses apoios e de poder colaborar com a obra que constroem. Como eu digo no meu poema “Passando o Tempo”… “O tempo já me deu tanto! Quanto falta? Só o tempo sabe, // Pelo meu tempo vou passando até que o tempo em mim desabe.”… Pois é, amigos, e afinal ninguém pode prever o seu destino, mas o melhor é viver, de preferência com amor, solidariedade, fazendo o que se gosta, sempre com seriedade, autenticidade, botando muitas das vezes o coração na frente da razão. Ainda mais quando se está poetando. Vou terminar este texto 600 com um verso do poema acima referido que um bom amigo, o Agnaldo, um dia me disse ser um dos versos mais significativos que ele já leu. Como é amigo, dos bons, tem-se que dar o devido desconto, pois. E o verso é este: “O tempo mede a vida com a régua do destino”…  Até à crônica 900, ou quem sabe … 1.000?  “Quanto falta? Só o tempo sabe”…    

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