A NOVACAP

    <!– /* Font Definitions */ @font-face {font-family:Verdana; panose-1:2 11 6 4 3 5 4 4 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:536871559 0 0 0 415 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}p.MsoBodyText, li.MsoBodyText, div.MsoBodyText {mso-margin-top-alt:auto; margin-right:0cm; mso-margin-bottom-alt:auto; margin-left:0cm; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}@page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;}div.Section1 {page:Section1;}–>          O Rui Castro lembrou na sua coluna da Folha-SP que à zero hora de21 de abril de 1960 os sinos das igrejas cariocas repicaram. Ranchos, blocos eescolas de samba tomaram a Avenida Rio Branco num segundo Carnaval. Bandasde música saíram às ruas tocando "Cidade Maravilhosa", novo hinooficial. Fábricas apitaram, carros buzinaram e houve foguetório nos morros e noasfalto. A cidade saudava a transferência da capital e a inauguração deBrasília, mas, principalmente, a criação do Estado da Guanabara – a libertaçãodo Rio.           Não sabia de nada disso. O que não sai da minha memória é que, naquele dia,chegou à minha casa, na carroceria de uma charrete puxada a burro, um armárioduplex, novinho em folha, para o quarto dos meus pais. Esquecemos dainauguração de Brasília e passamos a fazer planos para a ocupação do novo”astro” da casa.            Depois da inauguração de Brasília, virou moda, lá em Friburgo, as pessoas iremconhecer a Novacap. Voltavam extasiados, de olhos esbugalhados, falandomaravilhas sobre um “novo mundo”. Contavam sobre os prédios de arquiteturaexuberante, a organização da cidade (sem cruzamentos, sinais, esquinas, etc.) ede como o olhar se perdia no infinito do planalto. Elogiavam a beleza do barroque sujava a roupa e que ainda se fazia presente nas avenidas, cuja corvermelha nunca tinham visto antes.               O mundo girou, a Lusitana rodou e dezoito anos depois vim parar no BC, no Rio,onde a cultura era de que Brasília era um “cemitério”, uma cidade onde “nãohavia nada”. Essa ladainha era repetida pelos servidores que haviam trabalhadona capital e voltado. E muitos, como eu, passaram a desdenhar da cidade semnunca ter ido lá.           Nas primeiras vezes que fui à Capital Federal, vi que não era bem assim.Depois, fui mais amiúde e, com mais tempo, percebi que todos os atrativosoferecidos pelas grandes cidades estão disponíveis por lá, como também, osdiversos problemas. A cidade tem de tudo, sobre quaisquer aspectos, sejameconômicos ou sociais, com repercussão nacional e internacional. E"morri" de inveja, ao saber que a boa parte da população -formada basicamente por funcionários públicos – mora muito bem, em amplos apartamentosou em chácaras na periferia e que, de lambuja, ainda podem almoçar em casa, comdireito até, em alguns casos, a uma revigorante “dormidinha”.            Também lembrou o Ruy Castro que os jornais, rádios e TVs soltaram seuscadernos, programas e especiais sobre o 50º aniversário de Brasília, mas asombra que cobriu a cidade nesse período – palco de uma ditadura por 21 anos,viveiro de desqualificados políticos profissionais e cenário de negociatasliteralmente incontáveis – ofuscou a celebração.            Contudo, penso eu, parte da culpa que faz com que essa nuvem negra insista empairar sobre cidade cabe aos seus eleitores. O último exemplo é ter eleito comogovernador, mesmo conhecendo o seu “famoso” desempenho como senador, o políticoJosé Roberto Arruda. Um sujeito que, como se dizia em Friburgo, no mesmomomento que derrama lágrimas de crocodilo no enterro da mãe, é capaz de abraçaro irmão, para – com a mão direita – “bater-lhe” a carteira de dinheiro,enquanto que –  com a mão esquerda – tenta bolinar a esposa do seu melhoramigo.

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