ALFORRIA AUTOMOTIVA

    Pois é, meus amigos e amigas, neste momento em que estou começando a escrever este texto, dia 05/Junho/2011, meu Ford Fiesta, motor 1.6, equipado com tudo que tem direito, está recebendo sua “carta de alforria” do Banco Santander. Isto significa que estou pagando hoje a sexagésima prestação, todas liquidadas no vencimento, por longos cinco anos consecutivos. Foram parcelas de R$1.425,80 cada uma, num total de R$ 85.548,00. Claro que se eu tivesse podido comprar o mesmo automóvel, cinco anos antes, à vista, teria pago algo em torno de R$ 40.000,00. Paguei mais do dobro, como pagam todos que acabam aceitando financiamentos, único caminho para poderem ter o veículo de que precisam.  A partir de hoje, então, meu Ford Fiesta está alforriado. Ele que sempre teve a certeza de um bom trato, pois jamais deixei de fazer as manutenções semestrais, mesmo depois de vencida a garantia. E continuo a fazê-las. Se alforria é definido no dicionário como “liberdade concedida ao escravo”, por outro lado também é dito que ela significa “libertação de qualquer jugo ou domínio”. Aqui está o “gancho”, pois ao terminar de pagar o carnê nos livramos do domínio, indireto, mas domínio, do Banco que o financiava. Mesmo tendo hoje cinco anos de uso ele sorri à toa e é justificável. Sabem quantos quilômetros ele já rodou comigo nesses cinco anos? Pois eu digo: 12.945. Acreditem. Assim tem sido com todos os meus carros desde que me aposentei em Fevereiro de 1986. Normalmente as pessoas que usam seu carro para passear e também para o trabalho, este, diariamente, costumam rodar pelo menos cerca de 20.000 quilômetros anualmente. Em cinco anos, algo em torno de 100.000 kms, pelo menos. Meu Fiesta, de certa forma, é um privilegiado. Ele é do tipo Flex, ou seja, tanto funciona com gasolina como com álcool. Ocorre que há muitos anos tornei-me visceralmente contra bebidas alcoólicas, e assim ele só “bebe” gasolina, mesmo. Se um dia nós formos parados em alguma batida policial, nem eu nem ele seremos reprovados no teste do bafômetro, com certeza. Sobre a quilometragem, esclareço que todos os carros que tive antes dele, desde a aposentadoria, nunca foram vendidos, apenas “repassados” a sobrinhos que comemoravam o estado em que os veículos se encontravam. Um deles estava com apenas um ano e meio de rodado, comigo, e somente 1.500 kms. Explico: eu o tirara num consórcio, na época, por lance, e algum tempo depois fomos viajar de férias. Ao retornar a casa encontrei uma carta, por debaixo da porta, informando que eu fora sorteado no mesmo consórcio, em outra inscrição. Muita sorte, eu tratei de pegar o novo e repassei o semi-novo para o sobrinho. Meu Fiesta deve também “se orgulhar” de carregar no porta-malas um estepe, ou o pneu sobressalente, completamente zero quilômetro. Jamais foi usado. E isto não é novidade, pois há décadas que sempre repasso meus carros a sobrinhos antigos com seus estepes totalmente zerados, perfeitos, sem qualquer uso. Depois disto tudo você há de pensar que logo eu deverei trocar de carro. Pois digo que não tenho a menor intenção de fazê-lo. Com uma quilometragem tão baixa, investir agora em outro automóvel seria burrice, e eu assumiria nova prestação mensal desnecessariamente.  Como hoje também estaremos comemorando os 12 anos de nossa sobrinha neta, a querida Adriele, filha da irmã caçula de Marlene, a Josi, o dia será de festa, posso dizer assim. Duas comemorações à grande e com muitos familiares presentes. Nossa Adriele, entretanto, não será já “alforriada” em relação às suas obrigações e deveres para com a mãe, pois está longe ainda de chegar à maioridade. Quanto ao nosso Fiesta – 1.6, este sim, é agora todo nosso e só nosso. Alforria automotiva. 

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