BACENIANAS

    Não era assíduo, mas, quando podia, comparecia ao almoço bimestral que reúnia   antigos e atuais servidores da velha Repes, Divisão Regional do  Departamento do Pessoal do BC. Num dos últimos eventos, uma das presentes me sugeriu uma crônica sobre o encontro. Fiquei numa “saia justa” porque nesta altura do campeonato, no lugar de lembranças dos episódios do setor, as conversas giram sobre viagens, obras, netos e doenças. Andei “mastigando” o assunto para ver se saia alguma coisa, mas o que deu “liga” foram histórias do antigo time de futebol da Remec, antiga Divisão Regional de Mercado de Capitais. Nosso time foi jogar em Comary, Teresópolis, um importante jogo do campeonato da ASBAC. Jogo no fim, empatado e o nosso atacante entrou sozinho para fazer o gol. Eu que assistia ao jogo do outro lado do campo, ante a iminência da nossa vitória, exclamei para mim mesmo: “faz o gol”. Contudo o nosso personagem chutou para fora.Após o jogo, conversando com ele, eu disse que o gol era tão feito que eu – lá do outro lado – falei que ia ser gol. E ele: “então tá explicado porque perdi a chance. Quando você falou, me desviou a atenção…”.O time do setor jogava umas “peladas” num campo de terra batida. Um dia havia chovido muito e o campo, todo enlameado, havia se transformado numa imensa e imunda poça, principalmente do lado esquerdo da defesa do time que eu defenderia. Nosso “técnico”, irônico como poucos, escalou para defender aquele lado, o “Azul”, um pretinho simpático, cuja cor fazia jus ao apelido, e que, depois de uma meia hora, de tanto escorregar e cair, havia sumido atrás do uniforme: era lama pura. No intervalo, o pretinho tomou um banho e voltou quase limpo, feliz da vida. Quando os times trocaram de lado nosso “técnico” deu a ordem: “Você, disse para o “Azul”, deixe a lateral esquerda e vá jogar na ponta-direita”. Trocando em miúdos, fez com o que nosso simpático e ingênuo amigo fizesse apenas “meia-volta” e permancesse no mesmo lugar. Para a felicidade geral demonstrada pelas nossas gargalhadas, continuou jogando e escorregando dentro da lama.   Uma noite, os componentes do setor, devidamente uniformizados, posaram para algumas fotos para a “posteridade”. Uma dos “retratos” que fez história entre nós e que poderia ganhar o prêmio Esso de Fotografia era a do time onde estava o nosso querido amigo “Azul”. Como a máquina fotográfica não era lá essas coisas e não havia lua, o “Azul” só podia ser reconhecido por causa dos dentes escancarados do seu alegre, amigo e simpático sorriso. Quem possui, considera a fotogtafia uma autêntica relíquia.

    Matéria anteriorBANCA DE JORNAL
    Matéria seguinteDICIONÁRIO DE INGLÊS