“BODAS DE VIDA”

     Colesterol total 116 / Glicose 89 / Ácido Úrico 5,7 / Triglicerídeos 167 / PSA 3,79 (o limite é 7) / Pressão 13×8 / Pulsação 68 a 82 / Idade 72 anos. / Casado três vezes. / Viúvo duas vezes. Pois é, este sou eu. Apresentação nada formal, pelo contrário. Ah, sim, sexo masculino, desde que nasci. Se mudei em algumas coisas no correr da vida, nisto continuo fiel a mim mesmo. Acreditem. Como sabem os que têm o hábito de me ler e me honram com sua atenção, sou vascaíno por hereditariedade, filho, neto, bisneto e trineto de portugueses, e Corintiano por opção pessoal desde os meus 9 anos de vida. Mas não sou fanático, sei torcer por outros clubes brasileiros quando a competição é internacional, já disse isso antes. Sou o mais velho, ou o mais antigo, de 10 irmãos. Vejam que foram cinco homens e cinco mulheres. Meus pais souberam construir com habilidade, competência, paciência e… tesão, este placar delicioso. Hoje somos sete. A vida costuma cobrar faturas antes do tempo que nós esperávamos que fosse lógico, todavia a vida é isso, não tem lógica e ninguém nos promete vida eterna. Só a morte é certa.   O dia foi 17/Agosto mas só comemoramos no dia 23, para juntarmos outros aniversariantes da família de Lena que também são leoninos e estavam viajando. Amizade, família e solidariedade acima de tudo. Telefonemas, e-mails, alguns antecipados, outros em cima do laço, outros… bem, talvez tenham se esquecido. De qualquer forma obrigado a todos. Até um médico, candidato a vereador, Dr. Carlos César, compareceu com assessores. Muito educado e simpático, um papo excelente, culto, no qual falamos de muita coisa, menos de política. Gostei dele. Um vizinho amigo o apresentou a nós. Percebi termos algumas afinidades. Torcerei por ele. Conversas separadas, risos animados, música em bom tom, doces, salgados e o tradicional bolo de aniversário. Este ano tivemos menos gente mas não menos animação e alegria. E na hora de cortar o bolo, o mesmo de sempre, as fotos que registram para a posteridade aquele acontecimento, aquele momento festivo. Nossos cachorrinhos estavam agitados, sempre ficam assim quando o ritmo da casa muda e ontem mudou bastante. Latem quase o tempo todo, é a maneira com que expressam sua alegria e participam da nossa. Estes são amigos realmente fiéis. Se eu pudesse lhes mandaria um pedaço do meu bolo de aniversário, mas vale a intenção. Os verdadeiros amigos ainda cabem todos no meu coração, até porque com aquele “piripaco” de fevereiro do ano passado, o ventrículo esquerdo ficou um pouco maior. Não me preocupei, até disse ao cardiologista que devia ser o efeito de eu ter amado muito por tantas décadas.  Amado, não desdenhado das mulheres. E se para bom entendedor dizem que meia palavra basta, pois ela vai inteira. Continuo muito bem humorado, sim senhor, às vezes preocupado com o destino que vão dando ao nosso país, ao futuro de nossas crianças. Hoje, além de uma filha, tenho agora três netos.  Uma por via direta, filha de minha filha Franci, a querida Claudinha, e dois que assumi ao me casar com Lena, o Luís e a “bailarina” Adrielle. Amo a todos, tenho o mesmo carinho pelos quatro.  No meu currículo, amigos e amigas, consta uma estatueta que a crítica do Pará me concedeu, creio que em 1956, como, segundo eles, “O Melhor Produtor Humorístico do Rádio Paraense”. Jornalistas de hoje, que não se dedicam a pesquisar, até ignoram este fato, mas ninguém pode apagar a verdade. Constam também cerca de mil premiações pelas minhas Fotografias Artesanais, nos salões mensais e anuais da ABAF, por cerca de 15 anos. Exposições fora daqueles salões eu fiz diversas, até em Lisboa, na sede da APAF, e no transatlântico Eugênio-C, em alto mar, em 1989. Participei com muito orgulho, por convite, do “Maior Varal de Poesia do Mundo”, com mais de 5.000 poemas inscritos, realizado aqui em Cabo Frio pelo poeta Maurício Cardoso, em 2001. Ano em que também, a convite da Diretora da Biblioteca Pública desta cidade, fiz a primeira e única exposição de fotos e poesias que durou um mês. E vejam que já em novembro do mesmo ano recebi, feliz e orgulhoso, o título de “Cidadão Cabofriense”, a mim concedido pela Câmara local.  E de Londres, em 2004, fui laureado pelo Lord Marcelo Fortuna of Lancaster, da Lancaster House”, com um titulo honorífico que, segundo sei, somente cinco sites literários do Brasil receberam. Este título e o anterior constam da primeira página do meu site pessoal, ou  www.franciscosimoes.com.br  Nem vou me referir às premiações em concursos de Poesia pois acabo de me dar conta de que na animação em que me encontro acabo de quase reescrever o meu currículo. Mas está tudo no meu site. Desculpem os excessos. Ah, alguns já devem estar me gozando porque no dicionário não existe “Bodas de Vida”. Realmente não, só estão lá inúmeras referências mas a bodas de… casamento. São ao todo 13 devidamente tituladas.  Ora, tantos e renomados autores (não me incluo entre eles, sei o meu lugar) criam palavras, inventam expressões, até alteram o modo de se escrever este ou aquele vocábulo porque eu não poderia dar essa dimensão ao meu aniversário? Então pronto, acho que 72 anos merecem ser chamados sim de BODAS DE VIDA. Falei.  Obrigado por me aturarem e perdoem as nossas falhas, não sou perfeito. Creiam porém, e com certeza, que vocês têm neste veio escriba, metido a poeta, alguém que assume sempre o que escreve, que o tempo passa mas a memória o dribla, que só pode lhes oferecer agora e sempre, lealdade, amizade, autenticidade, solidariedade. Até o próximo aniversário, se Deus quiser, e Ele há de querer, como diz a minha querida Lena. Tenho certeza que minha missão por aqui ainda não terminou.

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