CANAL LIVRE

                  Um dos raros momentos inteligentes da televisão brasileira é o programa Canal Livre que a BAND voltou a apresentar. A receita da excelência do programa é simples: escolhem quem tem o que dizer para ser entrevistado por uma banca fixa formada por três jornalistas cultos e antenados que, educadamente, deixam o convidado falar.        Para falar sobre “O beijo da Morte”, livro que escreveu em parceria com a repórter Anna Lee, quem esteve por lá foi o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony. Na obra a dupla insinua que houve uma “limpeza de terreno” antes do início da abertura política após o golpe de 64. Em nove meses morreram Jango, Lacerda e Juscelino, políticos cujo acervo de votos representava 100% do eleitorado, que haviam firmado a aliança denominada “Frente Ampla” que lançaria Lacerda candidato a senador, aproveitando que a recuperação dos direitos políticos do ex-governador aconteceria no prazo de um ano.        Falando sobre o presente, desancou com o PT que classificou com um partido xiita, fundamentalista mesmo, que só olha para o seu próprio umbigo. Disse que Lula representa a garantia do estado democrático – é um bom caráter, mas não possui ainda uma visão panorâmica do governo e está cercado por uma péssima equipe e que o fato de ainda manter-se em alta é que ele – inteligentemente – não entra nas “divididas”.        Cabeça coroada do meio, afirmou que os altos investimentos em dólar em baixa realizados pelas empresas de comunicação deixaram a todas – sem exceções – seriamente endividadas com a imposição ao país pelo FMI da fixação do valor da moeda americana nos atuais patamares e que só um PROER da comunicação as salvará (o que se sabe é que a dívida das diversas empresas atinge a R$10 bilhões – 60% devido pela GLOBOPAR –  e que o empréstimo solicitado ao BNDES foi de cinco bilhões de reais).  Cony fechou sua participação no programa prevendo que, caso haja efetivação da solicitação, inexistirá condições à grande mídia para apoiar outro candidato. Portanto, Lula está virtualmente reeleito.

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