CELEBRIDADE GLOBAL

    Nos anos 60, mudou-se para a minha rua, em Friburgo, uma tal dona Amada. Tudo que a gente falava ou fazia que ela considerasse novidade, olhava-nos com ar de espanto e definia as situações sempre com as mesmas palavras: Pitoresco! Pitoresco! Intimamente, adjetivávamos a mulher, também, de uma única forma: "Fresca,Fresca!” Conto isso, porque recebi um e-mail – fonte desta crônica – com a descrição de algumas cenas classificadas como típicas dos homossexuais que desfilam na ala das “bichas afetadas” e que, certamente, a Dona Amada, rotularia, também, como “pitorescas, pitorescas”.  Contudo, ao reler com mais atenção o texto, desconsiderei a relação com o segmento, porque não consegui definir quem efetivamente se encaixaria naquelas situações. Mesmo assim, com as adaptações julgadas pertinentes, vale a pena citar algumas:Possuir um gato como bicho de estimação! Gato não passa de um cachorro metido à besta. Sem contar com as indecorosas manias de ficar se lambendo o dia todo, de não tomar banho e de esconder as necessidades debaixo da terra.  Bicho de gente normal é cachorro.             Convite terminado em "inho".  Por exemplo: "Que tal um  arrozinho com um vinhozinho num  jantarzinho na varandinha sábado?" Gente normal convida para uma rabada com polenta,  agrião e cerveja gelada.            Ir à padaria e pedir produtos de "free-shop". Pessoas normais pedem pão, manteiga, leite e café. Imagine a cara do "patrício" quando lhe pedem um "Pote de queijo Philadelfia, 250g de lombo canadense (“bem fininho, viu?), meia dúzia de croyssant"s e duas embalagens médias de iogurte de damasco (epa!) ao leite de cabra!” “.            Sair para dançar! Gente normal, de qualquer tendência, vai para a noite azarar!            Pedir bebidas do tipo Marguerite e Blood Mary em boteco.  Bebedor (a) que se preza bebe vodka, cachaça, vinho, uísque, cerveja. E chope! Muito chope!  Detalhe: no copo de gente normal pode vir limão e gelo, dependendo da bebida. Sem essa de canudinho e guarda-chuvinha!            Mostrar que sabe inglês! Caprichar na pronúncia de palavras inúteis como scalt, piercing; feeling, feed-back; darling, é muita frescura, não? No entanto, não se envergonha de pronunciar e grafar AdEvogado, prEvilégio e outras "cositas más". Membros da OAB então…             Foi terminar de ler os itens restantes do e-mail e o som da vinheta do programa Vídeo-Show da Globo invadiu meus pensamentos, alertando para a resposta: são cenas típicas de “celebridade global”. Não é regra geral, claro, porém, normalmente, o comportamento público “dessa raça”, que se acha “apenas Deus”, decorre da idolatria pelas frescuras e arrogâncias promovidas por “peças” do tipo daquela jurássica atriz que, no último carnaval, ao ser admoestada por estar furando filas em camarotes do sambódromo, considerou: ” Meu bem, eu sou a Suzana Vieira!.”          

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