CHOCOLATE

    Recebi um e-mail contendo uma tabela onde estavam relacionados 44 tipos de alimentos e os benefícios obtidos com o seu uso continuado. Está lá que, até mesmo a melancia – que é água pura – protege contra ataques cardíacos, promove a perda de peso, previne a trombose, o câncer na próstata e baixa o colesterol. Se bobear tais alimentos são mais poderosos do que pais e mães de santo que anunciam curar até viadagem.Não importa se a tabela possui algum embasamento científico. O que é notório é que de vez em quando surgem algumas notícias médicas classificando alguns alimentos como portadores de incontáveis qualidades e outros como sendo os mais temíveis dos vilões. O limão já foi um grande herói. Curava tudo. Agora, perdeu status. A soja, que já viveu sob os holofotes, anda meio esquecida. Até porque ninguém que já experimentou bife e feijão de soja confessou ter repetido. O confrei surgiu como possuidor de poderes infinitos contra bronquite, cansaço, perda de memória, o diabo! Agora, é um simples cicatrizante.Mas, os grandes perseguidos sempre foram a manteiga, o ovo e o chocolate. Nem a carne vermelha foi tão acossada quanto eles. Dos três, somente sobre a manteiga, desconheço como anda o processo de liberação. MO ovo passou décadas com fama de bandido. Recentes pesquisas, no entanto, reuniram provas para absolvê-lo da acusação de vilão do coração. Ficou comprovado que não existe relação entre o colesterol nele presente e o aumento das taxas de gorduras nocivas no organismo. Contundo, presumo que duas opiniões pesaram muito na absolvição: A do Veríssimo, por considerar que uma das paisagens culinárias mais bonitas é a do amarelo-ouro da gema escorrendo sobre a brancura do arroz. E a outra, a do Sérgio Porto, que receitava como salvamento de qualquer prato ruim de segunda-feira, um ovo estrelado em cima. O chocolate dá um gosto delicioso à outra grande notícia: já podemos comer comedidamente, sem culpa e na frente de todos, aquela barra que conservávamos escondida na gaveta. Recentes estudos comprovaram que a ingestão do  chocolate amargo, por possuir maior teor de cacau na sua composição, promove mais benefícios do que malefícios para a nossa saúde, entre elas a redução dos níveis de pressão arterial. A informação me faz imaginar como será a disputa pelos ovos nas Lojas Americanas nas vésperas da Páscoa. Se, com o chocolate cumprindo pena já havia troca de insultos e empurrões, imagina agora que o ovo foi alforriado. A notícia fez a indústria cacaueira anunciar o produto em novos formatos, recheios, embalagens e sabores. A guloseima pode ser encontrada em exóticos formatos como o de diamante lapidado e recheado com ingredientes inimagináveis como o caramelo salpicado de flor de sal. Entre as decorações a escolha pode ser entre os ovos bordados e rendados. Todavia, o que não consigo descobrir é o que pode estar escondido atrás do anúncio de novos sabores. Por enquanto apenas aumentou o teor de cacau. Mas, desconfio, de que a tendência será o aparecimento dos chocolates abacaxi, capim-limão, tuti-fruti…

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