É TÃO DIFÍCIL APRENDER A LER E A ACEITAR?

    Esta minha pergunta se justifica e tem forte embasamento em exemplos que eu já presenciei. Se alguém lê um texto concentrado no que diz o autor, tem todas as possibilidades de entender o que ele escreveu, suas razões, seus argumentos, etc. Concordar ou discordar é outra questão, é democrático. Isto tem tudo a ver também com a opinião de quem lê e sobre o assunto lido. Essas são reações normais de quem, digamos, sabe ler e não permite que suas emoções, ou divergências eventuais com o autor, distorçam aquilo que leu. Acho que me fiz entender bem. O problema é que nem todas as pessoas têm este tipo de postura diante de uma crônica, um artigo, seja de quem for. Não sei porque mas essas criaturas vão lendo e já imaginando sua discordância com quem escreveu, sem conseguir atinar sequer com as razões do autor ou autora. Já discordam antes de ler. Geralmente é isso que ocorre. Pois bem, esta semana eu divulguei nesta internet um pequeno artigo com o título “Minha decepção com a imprensa européia.” Acho que só o título já deixava bem claro o meu objetivo e até mesmo o conteúdo do texto. Mas faltava ele ser lido. No artigo fui crítico de parte da imprensa européia que, sem mais nem menos, perdendo o tão apregoado “fair play”, foi deselegante ao se referir à eleição da estátua do nosso Cristo Redentor entre as sete Maravilhas do Mundo Atual. O que eu tinha de dizer já disse naquela mensagem, agora me permito não ser repetitivo. Entretanto me permitam fazer aqui uma ressalva, por questão de direito e de justiça, que a imprensa de Portugal não teve a mesma atitude de jornais da França, Espanha e Alemanha, muito pelo contrário. Alguns até comemoraram. Soube por uma longa mensagem chegada a mim enquanto escrevo este texto, vinda de Lisboa, que minha amiga e leitora, e, de certa forma, patrícia, a Maria Helena Pereira, votou na estátua do nosso Cristo Redentor. Aliás, do outro lado do rio Tejo, à frente de Lisboa, há uma réplica, em tamanho menor, da mesma estátua. Faço questão de registrar aqui, devidamente autorizado, parte do que me escreveu a amiga Maria Helena, de Lisboa: “Eu fui uma das muitas pessoas do Mundo, (porque não foram só brasileiros a votar) que votou no Cristo Redentor. Primeiro porque a classifico de uma obra imponente, e depois porque foi colocada num local prodigioso, que abraça, não só o Brasil, mas também o Mundo. Esta é a minha opinião. Por isso votei nessa maravilha.” — Obrigado amiga Maria Helena pelo seu depoimento. Bem, agradeço aqui o apoio que a esmagadora maioria dos meus amigos leitores me deu, cada um à sua maneira, uns com poucas palavras, outros acrescentando algo mais de seu à minha crítica, em resposta ao que li, estarrecido, em alguns jornais, repito, especialmente da Espanha, da França e da Alemanha. Esses amigos leram e entenderam o sentido do meu texto. Não porque concordaram comigo, absolutamente, mas por terem lido com atenção e se identificado com o que escrevi, percebendo que se pudessem ter escrito diriam o mesmo ou algo mais ainda. Aqui está o ponto central da questão que justifica a pergunta título desta crônica. Se alguém, brasileiro, me escreve e diz logo de saída que: … “Não quero entrar no mérito das críticas feitas pela imprensa européia”… eu me pergunto: Ora, então porque me escreveu? Sim, porque este foi o foco central e o fundamento básico que me levou a redigir aquele texto, nada mais que isso. E se alguém, brasileiro, então começa a afirmar que não votou no Cristo Redentor, e diz que ele não merecia ser eleito, e passa a relacionar uma série de outros, realmente magníficos monumentos universais, que ficaram de fora, sou instado a perguntar: e o que eu tenho com isso? Por acaso eu propus um debate sobre os muitos monumentos candidatos que eram, ao todo, 19 (dezenove)? Não, em momento algum. Mais, se alguém se diz contrário a “esses comportamentos nacionalistas” que teriam levado o povo brasileiro a votar na grandiosa estátua do Cristo Redentor, aí eu tenho que discordar, mesmo sem querer polemizar. Não posso aceitar este tipo de acusação. Aliás, a melhor resposta foi dada acima por minha amiga de Portugal. Como se vê não foram apenas brasileiros que votaram na estátua do nosso Cristo Redentor. Ledo engano de quem concluiu assim. Lembro que a China tem mais de um bilhão e meio de habitantes e certamente jamais permitirá, e com toda a razão, que as grandiosas Muralhas sequer percam o primeiro lugar num concurso como este. E o mesmo deve ter ocorrido em outros países, é evidente. Não está em questão se o povo vota no que considera seu ou não. É um direito e não se trata de julgarmos a cultura de um povo por este gesto. Infelizmente nem precisamos da imprensa estrangeira para dizer mal de nós por qualquer motivo que seja, temos aqui dentro muita gente do contra que costuma torcer rotineiramente contra quase tudo. Até contra a nossa seleção atual muitos comentaristas estão torcendo, (ouçam o programa de domingo da Rádio Globo) só porque não admitem o Dunga lá como técnico!!! Mas isso é outro assunto. Se você me diz que concorda com as críticas que fiz, ou não, e me afirma que não votou no Cristo Redentor, tudo bem. Você exerceu o seu direito e eu o respeito. Entretanto se logo de pronto mostra que nem quer se referir ao fundamento do meu texto e passa a dizer coisas que não estavam no foco do que escrevi, desculpe, podia ter aproveitado melhor o seu tempo, com todo o respeito. Em nenhum momento fiz a defesa de qualquer dos 19 monumentos concorrentes, nem mesmo da estátua do Cristo Redentor, do Rio de Janeiro. Aliás, no meu entender, essas obras de arte universal não deveriam ser submetidas a concursos da espécie como o fizeram agora. Não existem apenas 7 (sete) das chamadas Maravilhas do Mundo Atual, isto sabemos muito bem. Por que então não alargar a quantidade delas para um número justo em que caibam todas, repito, todas as verdadeiras Maravilhas do Mundo e não as submeter a uma espécie de campeonato cujo resultado sempre atrairá críticas e muitas insatisfações? Se há, por parte de quem passou a organizar este tipo de “concorrência”, algum interesse financeiro ou outro qualquer, eu não sei, mas se houver, sinceramente, lamento e deploro. Espero que mais para a frente tenham o bom senso não de propor a eleição, mas sim o reconhecimento das verdadeiras Maravilhas do Mundo Atual, sejam elas quantas forem. E para encerrar, apesar de tudo, convidamos nossos amigos americanos, europeus, asiáticos, africanos, a visitar o nosso Rio de Janeiro, com suas imensas belezas naturais, e, de passagem, fazerem também uma visita ao alto do Morro do Corcovado onde se encontra, agora, uma das Sete Maravilhas do Mundo Atual. Com certeza o nosso bom Cristo Redentor os abençoará. Era o que faltava eu acrescentar.

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