EMBALAGENS PRÁTICAS

             Matéria de O Globo, de 12.6.11, noticiou que o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor- IDEC – fez teste com 20 tipos de embalagens de diversos produtos, classificando-as por grau de dificuldade em sua abertura. Setenta por cento dos recipientes apresentaram dificuldade média para alta e apareceram como a quarta causa mais relatada de reclamação  pelos consumidores no Inmetro.              Ninguém conseguiu abrir a embalagem de palmito usando apenas as mãos. As embalagens de massa fresca só foram abertas através de tesoura ou faca. Os testes tiveram que ser interrompidos quando uma das testadoras tentava abrir o lacre da garrafa plástica do vinagre com a boca. Na matéria não houve citação sobre a abertura dos invólucros dos CD”s e DVD”s, cujas imprecações contra o filme plástico usado como lacre são ouvidas a quilômetros. .             Sobre a difícil tarefa da abertura de CD”s, em fevereiro de 2007, eu já havia descrito a explicação do inventor: – A caixinha original do CD era fácil demais de abrir! O que eu quis foi criar uma embalagem que obrigasse o comprador a ir à cozinha buscar uma faca, porque assim pelo menos teríamos a chance de ele decepar a própria mão…”.             Sempre que me encontro numa “saia justa” dessas, ou seja, tendo que abrir alguma embalagem, seja ela de vidros, de latas, de garrafas plásticas, com auxílios de alicate, chave de fenda, faca, tesoura ou de até dos dentes, fico achando que os artífices dessas traquitanas deveriam ganha o prêmio “Maquiavel” da maior dificuldade em se abrir embalagens. Existem outras “preciosidades” como é o caso de cinco potes de uma coleção da Avon, com estojos idênticos para produtos diferentes, cuja indicação de uso, embaixo da embalagem, é escrita com letras minúsculas que se desgastam facilmente. Há também os saches de ketchups que tem têm que ser abertos com os dentes em vez das mãos e sempre espirram no rosto. E a embalagem da mostarda “Arisco” que depois da tampa possui um lacre que só abre a marretada? E o lacre das caixinhas de sucos e de água de coco? É tão duro de abrir, que a força desmedida que precisa ser utilizada para rompê-lo faz jorrar o produto na nossa roupa.  Mas há o outro lado da moeda: embalagens cujo designer foi encomendado para causar desperdício, como as do vinagre, azeite, adoçantes e leites de colônia que, por não serem dotadas de bico dosador, provocam verdadeiras enxurradas quando precisam ser inclinadas para baixo. O folclore da publicidade conta houve um sujeito que ficou milionário ao triplicar a venda dos tubos de pastas de dentes com uma simples recomendação: que se dobrasse a abertura dos tubos. Quanto aos “gênios” que bolam todas essas dificuldades, só encontro uma explicação: são agentes inimigos infiltrados pelas indústrias nas concorrentes, com a missão de dificultarem ao máximo a abertura das embalagens pelo consumidor.

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