EU, POETA?

    Alguns amigos e amigas costumam me considerar poeta. Eu julgo que tenho tido eventuais momentos de poeta ao versejar. Porém, o que eu escrevo deve sempre ser julgado por aqueles que me lêem.  Outro dia, se referindo ao meu poema SORRISO BRASILEIRO, um grande amigo da antiga, portanto “suspeito”, assim me escreveu: “Tenho impressão que já te disse, mas nunca é demais repetir.  O cronista é muito bom, mas o poeta é ótimo!” – Obrigado, amigo Amaro.  Uma amiga já de alguns anos, a Dra. Terezinha, da Farmácia de Homeopatia do Dr. Carlos de Faria, este, meu médico há 36 anos, sempre que me escreve inicia a mensagem com esta expressão muito carinhosa: “Amigo Poeta…” Eu gosto muito, isto massageia o meu ego, claro, embora não me deixe levar a um patamar que eu julgo não merecer, assim creio, sinceramente. Também comentando sobre a poesia SORRISO BRASILEIRO, outro amigo da antiga assim se expressou: “Eu não conhecia. Que beleza. Volta a fazer muita poesia, Simões. Faz-nos bem a todos. Parabéns.” – Além de grande amigo, Manuel colabora com meu trabalho em prosa e até já escrevemos crônicas a quatro mãos.  Poderia citar aqui muitos outros comentários, pois os tenho todos guardados, como sabem, numa pasta que hoje atinge a mais de 4.300 comentários, desde Janeiro/2001. Não o faço com a intenção de me auto-elogiar, de forma alguma, talvez mais num sentido de agradecimento a tantos que me lêem e se dão ao trabalho de escrever dando a sua valiosa opinião, que respeito muito, sempre. Todavia eu afirmo que nesses mais de dez anos, escrevendo novamente, desta feita na internet, tenho me dedicado muito mais à prosa do que a poesia. Eu retomara aos versos em meados dos anos oitenta e até há uns poucos anos escrevi diversos poemas. Nunca o faço por obrigação, apenas acontece. Não escrevo poesias toda semana, ou todo mês, ou “por encomenda”, embora deva confessar que já escrevi alguma para determinado concurso e acabei me dando bem. Mas é raro. Participei de diversos certames entre os anos oitenta e começo dos anos 2.000 e as premiações que logrei obter constam neste meu site no link de “Concursos”. Depois parei de participar de concursos, embora receba regularmente convites. A partir desta atualização resolvi, de quando em vez, destacar alguns dos meus poemas para os que não os conhecem. Alguns têm história, outros apenas aconteceram. O poema “Alerta”, que destaco aqui, eu o escrevi por insistência de um sobrinho, no começo do ano 2.000, para poder participar de um concurso internacional “Água no Terceiro Milênio”, promovido pelas Editoras Bianchi, de Montevidéo e Pilar do Brasil, com apoio da ABRACE. Relutei inicialmente, mas acabei escrevendo e tive meu poema selecionado entre os premiados daquele concurso e ele participou da Antologia de Literatura Internacional do mesmo certame. Leiam, por favor, e até a próxima.                                                        ALERTAÁgua, água, água,Vejo um mar de baleias com sede,Vejo um deserto de águas retirantes,Vejo o cinza a repintar o verde. Água, água, água,É o sal que fugiu da terra,É o pó que espera pela vida,É a paz com jeito de guerra. Água, água, água,O alento aos poucos se expira,Na fanfarra cretina dos discursos,Onde o homem é a grande mentira. Água, água, água,Vejo cemitérios de asas no chão,Vejo alvoradas de poeira no ar,Ouço um mutismo de silêncio-inação. Água, água, água,Não há tempo para lágrimas, morre o pranto,O espinho sobrevive sem a flor,O amor se esvai no desencanto. Água, água, água,Nem fauna, nem flora, nem essência,O racional se opõe à natureza,A duidade é quebrada na demência.Horror insano e tão previsívelNuma voragem destrutiva insaciávelMas, se o homem se vestir logo do juízoAinda poderá se despir do inevitável…………………………………………………………..                                         Autor:FRANCISCO SIMÕESEm:Maio / 2000.                                                                                  

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