OBRIGADO, DE CORAÇÃO.

    Amigos, e já chegamos ao mês de agosto novamente. Caramba, como o tempo parece ter pressa, não? Para que afinal? Sei lá, mas deve ter suas razões, digamos, de alguma ordem estrutural cósmica. Desde que vim ao mundo já contei sessenta e nove agostos. Esperem aí… não, com este em que estamos agora já são… setenta. Meu Deus, 70!!É verdade, eu nasci em 1936, são setenta mesmo. Que longa estrada, todavia que o caminho continue à minha frente, eu topo seguir andando. Na minha família tanto meus saudosos pais, meus avós maternos e paternos, assim como minha querida segunda mãe, a dindinha Carmita, partiram todos desta vida com mais de 85. Sei que não quer dizer nada, mas se for para prosseguir com saúde e disposição, vamos lá.O que não se pode é deixar de ser agradecido àqueles que com seu zelo, seu carinho, seu amor, sua amizade, sua orientação, seu incentivo, tanto nos trouxeram à vida como, com seus ensinamentos, nos permitiram orientar melhor a nossa caminhada. Saudades eternas dos meus pais Manuel Mário e Ana Rosa, e de minha outra mãe, diria, adotiva, a queridíssima dinda Carmita. A lista seria interminável se fosse incluir os professores que me formaram desde as primeiras letras até mesmo agora, mais recentemente, quando tanto aprendi com certos amigos que, felizmente insistem em não me esquecer e nem me abandonar. Com autênticos mestres da Arte Fotográfica, na ABAF – Rio, entendi que fotografar pode não ser apenas uma diversão, mas arte pura, mesmo. Creio ter professado isso direitinho, haja vista as tantas exposições que fiz e os prêmios que colecionei.Se desde meus 8 a 9 anos eu já era “metido” a radialista, construindo minha “rádio particular” no porão de casa, a partir dos 17 anos aprendi de verdade como exercer essa carreira profissionalmente. Professores não me faltaram. Agradeço a todos. Muito importante, naquela fase, foi também o apoio de meu pai que jamais faltou com sua crítica e seu incentivo. Talvez tenha sido meu fá número um.Durante uns 7 anos, entre 1970 e 1980,  no auge da bitola super-8, fiz um curso de cinema que sedimentou o que comigo já viera como alguma “herança genética”, nem sei de quem. Trabalhei só com amigos, artistas amadores que eu ensinava e dirigia. E deu certo. Mostras e Festivais, especialmente no circuito universitário, nos premiaram. Tenho que agradecer a todos que colaboraram comigo.A Censura então vigente deitou suas garras em nosso trabalho algumas vezes, porém jamais desisti da minha linha de comunicação que se voltava para a crítica social e política. Havia muito que denunciar. O reconhecimento superou as censuras. Valeu. Já no ano 2000, minha entrada nesta Internet, voltando a escrever publicamente, divulgando crônicas e poesias, algumas premiadas em concursos literários, teve o apoio maior de Irene Serra, desta revista virtual Rio Total. Ela acreditou em mim, lançou-me desafios, incentivou-me e creio que não a decepcionei. Tornou-se uma amiga maravilhosa, certamente para sempre. Conte com a minha fidelidade, Irene.Outros e outras abriram suas portas para colaborar na divulgação do meu trabalho. Infelizmente alguns foram amigos apenas temporários. A vida é assim, nem tudo dura tanto quanto às vezes desejamos, mas sou agradecido a cada um e a cada uma mesmo que hoje nem se lembrem do Chico Simões. Foram também importantes.Na distância meu coração saberá sempre ser grato a meus irmãos e irmãs. Se alguma vez pareci ingrato, que me perdoem. Sempre os tive no coração e na mente. Em particular a mana Maria Luiza, meu anjo da guarda, há décadas, atuando há mais de 3.000 quilômetros e me resguardando de tempestades que antes quase me afogaram.Em trinta anos de Banco do Brasil aprendi e ensinei. Fui bancário, mas também professor, coordenador de cursos de treinamento de pessoal, programador de cursos, chefe de um setor de comunicação áudio-visual, trabalhei na gráfica do Banco, implantei serviços, etc. Tive colegas e fiz amigos, alguns que me “aturam” até hoje. Os que me rejeitaram depois mostraram que amizade também pode ter… duas faces.Nessa estrada cometi acertos e erros. A esses sempre dei muita atenção porque com eles aprendi a não repeti-los. Mas, como ninguém é perfeito, errar é sempre uma possibilidade, até mesmo involuntária. Casei ainda jovem e, ainda jovem, descasei. O destino acabou me ofertando uma segunda oportunidade. Esta durou cerca de 40 anos e se encerrou tal e qual juramos perante o altar: “Até que a morte nos separe.”Conheci o amor mais forte, a felicidade mais venturosa, o viver mais solidário, mas também a dor mais pungente, a perda mais cara que anula os nossos sentidos, que esfumaça a esperança, que de repente apaga o nosso horizonte, que nos prostra no nada sem futuro. Levei o amor a sua derradeira solidão. Me arrastei na vida por algum tempo aos sessenta e seis anos. Cumpriu-se o tempo e eu sobrevivi. Para esta sobrevida foi fundamental a presença, próxima a mim, de umas poucas mas verdadeiras amizades. O destino me reservara também a surpresa de manter ao meu lado a figura de um leal anjo da guarda. Ela já estava ali fazia muito, muito tempo, sempre presente, fiel, jamais nos deixando desamparados, a mim ou minha esposa em nossas longas estadas em Cabo Frio. Foram cerca de 20 anos de convivência. Foi amiga, ajudante, imprescindível na sua domesticidade, importantíssima no exercer seus conhecimentos de enfermagem, no saber ouvir e aconselhar. Eu a “redescobri” no pior período da minha vida, mas ela sempre esteve ali. Seu ombro amigo, sua paciência entendendo e aliviando o pranto, sua paz abrandando o desespero, suas noites em claro para que eu dormisse, suas orações não permitindo que fugisse a minha fé. Sua presença ao lado de minha Zezé até o último momento.Obrigado Lena, de coração. Minha dívida com você é eterna. Reconhecerei isso sempre. No dia 17 próximo abraçarei alguns amigos e enviarei o melhor dos meus pensamentos aos que vivem fisicamente distantes. Deus nos abençoe a todos.

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