QUE FAZ A DIFERENÇA

    Você me perguntaria por que optei por viver definitivamente nesta cidade de Cabo Frio, distando 170 km do Rio de Janeiro? Bem, vou procurar relacionar tudo que para mim, hoje, faz a diferença. Por sinal, uma grande diferença, a favor, claro.Cabo Frio tem cerca de 140.000 habitantes. As distâncias são curtas para tudo que se precise resolver. Não há congestionamento de trânsito, especialmente para quem faça o que eu faço. Ao ir para a cidade, por exemplo, prefiro dirigir pela orla marítima. Logo ao sair do meu condomínio viro à direita e tomo a litorânea. Avenida larga, com pistas separadas. Em cerca de 6 a 7 minutos estaciono no centro. Este caminho nos gratifica sempre com a bonita vista das dunas, do mar, da praia, de uma orla que é pura poesia. Hoje, dependendo do dia, às vezes temos que procurar um pouco mais por uma vaga, mas sempre achamos. Afinal a cidade tem crescido bastante, muita gente tem se mudado para cá ultimamente. Mas, ainda compensa.O comércio tem se desenvolvido muito, com uma diversificação que nos faz encontrar aqui quase tudo que podemos obter em qualquer bairro, por exemplo, da zona sul do Rio. No passado tínhamos apenas um cinema e bem velhinho. Derrubaram-no e no mesmo lugar surgiu uma bonita galeria com muitas lojas e também… duas salas de cinema bem modernas. Coisa rara neste Brasil.No campo da educação, Cabo Frio dispõe de várias escolas públicas e também alguns colégios particulares de excelente nível. Igualmente a cidade conta hoje com quatro Universidades, sendo a mais recente a Estácio, que ocupa a maior área de todas. À noite, passando-se à porta dela, percebe-se o grande movimento de carros motos e também algumas vãs. Há alunos que moram em cidades próximas e vêm cá estudar. Há pouca distância da praia, na altura do Posto dois, está o nosso Teatro Municipal. Nele têm-se apresentado muitos artistas de primeiro nível no cenário artístico nacional. O estacionamento é farto e tranqüilo. Da minha casa ao teatro levo, no máximo, apenas cinco minutos, a qualquer hora do dia ou da noite.A histórica Casa “Charitas”, na Av. Assunção, no centro, abriga rotineiramente exposições de pintura, de artesanato, escultura, arte fotográfica, etc, além de manter cursos variados. Alguns espetáculos artístico culturais da melhor qualidade costumam acontecer por lá. No ano de 1999 tive a felicidade de expor na “Charitas”, por um mês, algumas de minhas fotografias artesanais.  Bem próximo à praia, há um outro Espaço Cultural. Este é mais recente e lá ocorrem também permanentemente exposições diversas com variadas manifestações artístico culturais. No verão e nos feriados a freqüência é bem significativa. Próximo ao Canal de Itajuru está localizada a Biblioteca Pública Municipal. Uma antiga residência foi reformada, preservados seus traços originais da arquitetura da época. Ela abriga uma quantidade imensa de livros, tudo muito bem organizado por assunto e por autor, e quem mais os consulta são alunos dos mais variados níveis escolares. É comum ver-se por lá grupos de rapazes e moças a fazer trabalhos de pesquisa. Empolgado com o trabalho daquela equipe, no ano de 2001 eu produzi um vídeo sobre a Biblioteca com a colaboração de todas as suas funcionárias. Lá também acabei por realizar uma exposição inédita na qual exibi poesias minhas junto com fotografias artesanais. Foi uma realização pioneira da então diretora da Biblioteca.Existem agências de todos os Bancos mais conhecidos. Elas estão no centro da cidade. Apenas o Banco do Brasil tem aqui duas filiais, a outra está localizada no bairro de São Cristóvão, ao lado do Braga, onde moro. De carro, em 3 minutos estou lá.Tínhamos uma ponte, com tráfego de mão dupla, para ir ao outro lado da cidade, mas ela já não atendia, de há muito, ao movimento crescente de veículos. No ano passado, 2004, foi inaugurada a segunda ponte e assim agora temos mão única em ambas. Uma obra excelente e necessária.Contamos aqui com 3 grandes supermercados e muitos outros de menor porte. Estou bastante próximo dos três maiores. Há em Cabo Frio também uma infinidade de lanchonetes e restaurantes. Hoje eles estão por toda parte. A melhor localização, entretanto, é às margens do Canal de Itajuru. À noite sempre sopra uma brisa agradável e o visual é muito bonito. Ali existe hoje um grande complexo de restaurantes variados, lojas, e boates. No mesmo local, ao final da tarde ocorre um pôr do sol dos mais lindos que já vi. Ao fundo, o Morro da Guia, com a capelinha lá no alto, ajudam a enfeitar a cena do crepúsculo. Aliás, do alto do Morro da Guia, tem-se seguramente a vista mais linda da cidade e com 360 graus à nossa disposição. Lá no alto há um grande jardim rodeado de bancos, montados sobre um imenso estrado de madeira. O passado de Cabo Frio está presente, especialmente no bairro da Passagem. Casas bem antigas, conservadas, o piso das ruas também conta histórias. Tudo bem ao lado do braço de entrada da água do mar para o Canal de Itajuru. Outros prédios históricos podem ser visitados no centro da cidade. A memória que julgo necessária e que felizmente por aqui tem sido respeitada, pelo menos em grande parte. Temos poucas livrarias, apenas duas. Logo teremos mais. Temos, de certa forma em larga escala, templos religiosos. Só no Braga, na avenida principal, encontram-se 5 ou 6 no correr de dois quarteirões, mas há muitos mais por toda a cidade. Não as freqüento, mas nada tenho contra. Farmácias também existem em profusão. Para fazer minhas caminhadas posso escolher entre ir à praia, ou andar pelo calçadão, na avenida marginal, desde onde moro até o Hotel Malibu, algo como cerca de pouco mais de 2 quilômetros, só de ida. Também costumo fazê-la no próprio condomínio, depende do dia e da minha disposição. Meu “casamento” definitivo com esta cidade se deu quando me concederam, no ano de 2000, o honroso título de Cidadão Cabofriense. Alguns vídeos que produzi, poemas e crônicas que escrevi sobre Cabo Frio, teriam motivado um vereador a indicar meu nome entre os agraciados daquele ano. Porém, acima de tudo temos aqui, especialmente onde moro, muito silêncio, muita paz, na maior parte do ano, um contato direto com a natureza, pois sou diariamente acordado por canto de passarinhos próximo à minha janela. Esta se volta para a pracinha interna do nosso condomínio. Os pássaros, via de regra, costumam fazer ninho no sótão da minha casa. Claro que para quem prefere ouvir buzinas e respirar poluição, o que descrevo deve parecer a imagem do… “inferno”…Poderia relacionar mais alguns argumentos a favor, como digo acima, mas acabaria por me tornar cansativo. Afinal para quem gosta de viver com sossego, com o mar, a praia e as dunas, não só ao fácil alcance dos olhos, mas também das mãos e dos pés, com as distâncias encurtadas ao mínimo sem prejuízo de um progresso não muito destruidor, por aqui, posso me considerar um felizardo. Isto também faz a diferença.

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