BC pode intensificar alta dos juros, diz diretor

    Victor Martins Francisco Carlos de Assis

     

    ENVIADOS ESPECIAIS FLORIANÓPOLIS

     

    A duas semanas da reunião que decidirá a taxa básica de juros da economia (Selic), o diretor de Política Econômica do Banco CENTRAL, Carlos Hamilton Araújo, elevou o tom e disse que a instituição não será complacente com a inflação. Durante apresentação do Boletim Regional do BC ontem, deixou claro que, se necessário, a cúpula da instituição pode intensificar o aperto monetário, e emendou: “Para bom entendedor, pingo é i”.

    A expressão usada por Hamilton é simbólica, depois de o Comitê de política monetária (Co- pom) surpreender o mercado em seu último encontro, quando elevou a Selic de 11% ao ano para 11,25% ao ano. O movimento não eraesperado pelos analistas, que apostavam majoritaria-mente na manutenção da Selic. O serviço AE Projeções, da Agência Estado, ouviu 84 analistas e nenhum colocava suas fichas em uma alta dos juros.

    A fala de Hamilton pode ser interpretada como um recado aos pessimistas. O diretor do BC vê uma retomada da economia a partir de 2015 e a convergência da inflação para a meta a partirde 2016. O discurso de ontem foi ainda um contraponto ao que o diretor ouviu nas reuniões trimestrais com economistas na semana passada – uma no Rio e três em São Paulo.

    Nesses encontros, os analistas enfatizaram a preocupação deles com o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem, a elevada taxa de inflação e a manutenção da política fiscal expansionista. Hamilton deu uma resposta dura a essas avaliações.

    “Sefaz oportuno lembrar que o Comitê sinalizou que se manterá especialmente vigilante, dados os elevados níveis de inflação e o balanço de risco menos favoráveis. Isso quer dizer que o Copom não será complacente com a inflação”, afirmou, durante entrevista que ocorreu no VI FórumBanco CENTRAL sobre Inclusão Financeira.

    Hamilton disse ainda que o Banco CENTRAL pode recalibrar a política monetária quando necessário. “No momento certo, o Comitê poderá recalibrar sua ação de política monetária de modo a prevalecer um cenário benigno para os próximos anos.”

     

    Fonte: O Estado de S.Paulo

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