Autor: Angela Bittencourt
Na busca por dinheiro que minguou na arrecadação federal, a equipe econômica poderia mirar um novo endereço, batalhar por R$ 30 bilhões de receita nova e, quem sabe, dar uma folga para os trabalhadores com profissões regulamentadas, que não escapam da Receita Federal.
O governo federal deixa de arrecadar mais de R$ 30 bilhões em impostos por ano com a diversificação do jogo do bicho nas ruas do Rio. A estimativa é de Pedro Trengrouse, coordenador acadêmico do curso de gestão, marketing e direito no esporte, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Ele explica que a falta de regulamentação do jogo no Brasil desencadeia uma leva de sites ilegais e apostas realizadas no jogo do bicho, deixando um lastro de prejuízo para a União e para os apostadores, que nem sempre têm garantia de que receberão o prêmio.
Trengrouse afirma também que o Brasil está longe do seu potencial de arrecadação e lista os valores que outros países recolhem apenas com lotéricas.
Na Itália, por exemplo, o governo chega obter uma receita de US$ 34 bilhões por ano com ‘venda’ per capita ao ano de US$ 565. A França arrecada US$ 16 bilhões com venda per capita de US$ 249. Os Estados Unidos – somente em Nova York – recolhem US$ 9 bilhões, US$ 456 per capita.
Nesse quesito, o Brasil é a lanterna da lanterna. “O Brasil não passa de US$ 4 bilhões, com uma renda per capita de US$ 18,53. Atrás de Portugal, US$ 228 bilhões, Uruguai, US$ 40 bilhões, e Argentina, US$ 36 bilhões”, afirma Trengrouse.
O professor da FGV informa que além de partidas de futebol, os bicheiros cariocas também aceitam palpites em jogos de vôlei e lutas, como o UFC, Ele lembra que atualmente no país é proibido explorar economicamente apostas em resultados esportivos, seja como apostador ou organizador de banca.
O ato configura contravenção penal, com punição de 3 meses a um ano de prisão e multa para quem organiza a jogatina. “Quem for pego apostando, pode ter de pagar multa de R$ 2 mil a R$ 200 milhões”, alerta o especialista da FGV.
Fonte: Valor Econômico