Dólar recua 1,3% e é o mais baixo desde junho

    Perspectiva de mais aumento do juro do país e otimismo nos EUA favoreceram queda

    ANDERSON FIGO DE SÃO PAULO

    Com mais apostas de investidores em um novo aumento do juro básico –a Selic, hoje em 9,5% ao ano– para dois dígitos antes do fim de 2013, o dólar terminou o dia no menor preço desde junho.

    A moeda americana à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, fechou em queda de 1,33%, a R$ 2,178, valor mais baixo desde 19 de junho. E o dólar comercial, usado no comércio exterior, caiu 1,13%, para R$ 2,181, menor cotação desde o dia 18 daquele mês.

    A perspectiva de mais alta do juro básico, que remunera aplicações como títulos do governo, deixa o mercado brasileiro mais atraente a investidores estrangeiros, o que, consequentemente, aumenta a entrada de dólares no país e empurra as cotações para baixo.

    “O cenário interno não mudou nada: continuamos com fraco crescimento, inflação elevada e gastos excessivos”, afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

    “Assim, o investidor estrangeiro vê a taxa de juros mais alta como um estímulo para tomar o risco de aplicar nesse ambiente.”

    As apostas em mais aperto monetário ganharam força ontem com a análise do conteúdo do comunicado do Banco Central que acompanhou a decisão, anteontem, de subir a taxa Selic de 9% ao ano para 9,5% ao ano.

    A interpretação de economistas foi a de que o BC deve continuar com o aumento do juro para conter a inflação. Já foram cinco altas seguidas.

    ESTADOS UNIDOS

    Durante o dia, também favoreceu aplicações consideradas de maior risco, como Bolsas mundiais e moedas emergentes, o otimismo com a possibilidade de acordo nos EUA sobre o teto da dívida e o Orçamento do país.

    Os índices Dow Jones e S&P 500 do mercado de ações americano tiveram a maior valorização desde janeiro.

    Das 24 moedas emergentes mais negociadas, apenas duas não subiram em relação ao dólar: a da Argentina (com ligeira queda de 0,07%) e a de Hong Kong (estável).

    “O ânimo foi generalizado porque um calote dos EUA seria péssimo para o mundo inteiro”, diz Carlos Manoel, estrategista da consultoria Lopes Filho. “Os EUA deixariam de pagar seus principais credores, como a China, criando um efeito global em cadeia”, acrescenta Manoel.

    O fracasso do acordo entre o Congresso e a Casa Branca à noite, porém, após o encerramento dos negócios, pode mudar o humor dos investidores hoje. A decisão vai ser avaliada nos mercados.

     

    Fonte: Folha de S.Paulo

    Matéria anteriorSem tabu para a Selic
    Matéria seguinteJanot defende perda de mandato para quem aderir a novo partido